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1. O sucesso da economia chinesa que em pouco mais de 30 anos transformou-se na segunda do mundo, crescendo à taxa média de 11% ao ano e é hoje um atrativo irresistível para as mentes mais simples que ignoram o contexto no qual ele se realizou. Isso já tem até um nome: Consenso de Beijing! No fundo a organização política e social seria simples: 1º) entregar o poder absoluto ao Partido Comunista que é dirigido por um Politburo (25 pessoas extremamente preparadas), que centralizam todas as decisões políticas e econômicas e 2º) operar toda a economia através de um sistema de “mercados” controlado por um Comitê Central como cerca de 200 membros (nos quais se inclui o presidente do Banco Central) e que centraliza e coordena toda a política econômica. As liberdades individuais são fortemente controladas e manifestações públicas de insatisfação são duramente punidas. Os mercados, por sua vez, podem operar livremente como no capitalismo mais selvagem.

2. A equação seria: eficácia produtiva + controle das liberdades individuais = rápido crescimento econômico, muitas vezes utilizada no passado, mas que terminou mal. A própria URSS a aplicou com sucesso entre 1917 e meados dos anos 70 do século passado. Nos anos 60, aliás, o esporte predileto dos economistas era estabelecer quando o PIB da URSS ultrapassaria o dos EUA. A resposta era unânime: em torno de 1990! Pois bem, em 1989, com a queda do famoso muro de Berlim, vimos quanta tolice tinha sido dita por economistas famosos à respeito da possibilidade de um planejamento que dispensava os preços estabelecidos pelos mercados, que era, corretamente, negada por outros não menos famosos, desde os anos 30. Este fato apenas revela, apenas a inevitável componente ideológica inserida nas mais “científicas” análises econômicas.

3. A lição foi claramente aprendida pela China que ao contrário da URSS, liberou os mercados mas continuou controlando as liberdades para acelerar o crescimento. O Politburo comandado pelo presidente Hu Jintao sabe muito bem que tal sistema só funciona quando 1º) o rápido crescimento econômico é sentido pela população porque acompanhado por uma expansão do consumo e 2º) pode absorver as tecnologias criadas nas economias mais maduras, onde as inovações são produto da liberdade individual, da possibilidade de apropriação privadas dos seus benefícios e da possibilidade de seu financiamento por um mercado financeiro livre e flexível. A partir daí, se as inovações não forem autóctones, a tendência é a volta ao crescimento medíocre e à exacerbação das pressões sociais.

4. Há um fato frequentemente ignorado pelos que defendem ser possível a duplicação do modelo fora do contexto chinês. A verdade (poucas vezes enfatizada) é que o Politburo tem à sua disposição uma das mais bem treinadas e diligentes burocracias de quantas existem ou existiram no Mundo. Já no segundo século (124 A.C.) a China criou uma Universidade Imperial para preparar funcionários governamentais que são cooptados por concursos públicos e cuja progressão é estritamente pelo mérito.

Por Antonio Delfim Netto

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