Há quem diga que a moda é cíclica. Perdoem-me os teóricos dessa escola, mas não canso de afirmar que ela é "espiralada". O círculo, fechado, volta sempre ao ponto inicial. A espiral, otimista, mantém seu formato original, seguindo sempre por caminhos antes não percorridos: para o alto, para os lados, para baixo… Ela nunca volta ao seu ponto de origem.
Exemplo claro são as propostas apresentadas pelas passarelas internacionais no inverno de 2010: com a mesma essência de 2009, mas em diferentes proporções. Para inspirar (e atualizar) o look!
Alinhe-se!
Os cintos-acontecimento (aquelas cheios de detalhes, com fivelas marcantes e penduricalhos mil como o desfilado pela Dolce & Gabbana no inverno de 2009 (esq)) – cedem espaço para os modelos minimalistas que apenas contornam a cintura, deixando a silhueta mais feminina e suave, como visto na passarela da Loewe no inverno de 2010 (dir).
Menos é mais
Hora de treinar a arte de editar os apetrechos e diminuir o nécessaire. As maxibolsas – desfiladas, por exemplo, na passarela de inverno 2009 da Prada (esq) – perdem espaço para os modelos menores com ares “hippie chic”. Dica: alças longas são aposta. Para inspirar, a passarela da Salvatore Ferragamo (dir) no inverno 2010.
Dando de ombros…
Há pelo menos dois anos a moda vem buscando referências nos anos 80. Os ombros marcados (que brilharam também nas décadas de 30 e 40) continuam sendo ponto forte em looks moderninhos mas, diferentemente da aparência “pontuda” oferecida pela Balmain no inverno de 2009 (esq), no inverno de 2010 a marcação vem mais abaulada. Delicada, mas poderosa na medida, como visto na passarela da Yves Saint Laurent (dir).
Gata de botas
O inverno 2010 diminui a voltagem sexy mamma que bateu altos índices com as botas cuissarrdes (alô Julia Roberts em “Uma Linda Mulher”, de 1990). Com o cano minimamente mais curto, (a altura ideal é aquela um pouco abaixo do joelho, proposta de Marc Jacobs no inverno 2010 (dir)) as botas vêm mais práticas e menos fantasiosas, bem diferente do modelo de Isabel Marant (esq) no inverno de 2009.
Descendo do salto
Nicolas Ghesquiére, à frente da Balenciaga , (esq) colocou as fashionistas no pedestal dos sapatos com plataforma. Tão fetiche quanto não-práticos, a moda deixa um pouco de lado os saltos carnavalescos para apostar no conforto requintando dos anos 50. Pense nas donas de casa chiquetosas da metade do século passado: mules, scarpins baixos com saltos finos e pontas trabalhadas. Os laçarotes de seda do inverno de 2010 de Isabel Marant (dir) são desejo absoluto.
Alongue-se
Mais shape cinquentinha, agora nas saias. Pernocas saudáveis como as da passarela da Preen no inverno de 2009 (esq) continuam em alta, mas, agora, brincam de esconde-esconde com o excesso de tecido das peças mais compridas. Look “maduro” é a aposta da Louis Vuitton no inverno 2010 (dir).
Mudança de rumo
As jaquetas trocaram as estradas pelos céus. Explico: depois de percorrer as highways (e runways) nas mais altas velocidades e variedades, o modelo biker – com ares motoqueiro, skinny, normalmente de couro preto e cheio de tachas, como a do inverno 2009 de Alexander Wang (esq)- voam para o céu e vestem as aspirantes a Amelia Earhart. No inverno 2010, o modelo aviador em couro marrom da Burberry Prorsum (dir) já nasce hit.
Por Helô Gomes
