1. Temos sempre procurado chamar a atenção de nossos leitores para o fato que a promessa dos EUA de reduzir a emissão de gases de efeito estufa é, na verdade, um subproduto do seu objetivo principal: reconquistar a autonomia energética perdida no século XX. Toda nação que almeja ser potência precisa de três autonomias: a alimentar, a energética e a militar. O EUA é o maior produtor de alimentos do mundo e seu poderio militar é incontrastável. Ao longo do século passado, entretanto, ele perdeu a sua autonomia energética. Hoje importa cerca de 70% do seu consumo de petróleo e quase 60% deste consumo é no setor de transporte. Isso implica em graves problemas para sua segurança e seu balanço comercial.
2. O Congresso americano tem sido muito relutante na aprovação dos cortes da emissão dos gases que produzem o efeito estufa, mas tem apoiado fortemente o objetivo de reconstruir a autonomia energética através da produção de biocombustíveis. Até o momento, o etanol e o biodiesel são os mais promissores substitutos do petróleo no setor de transporte. A tecnologia tem avançado dramaticamente e o etanol já foi testado (e aprovado) no transporte terrestre e aéreo. O seu uso em novas turbinas mostra as suas possibilidades na produção de energia elétrica.
3. Para se convencer de qual é o verdadeiro objetivo dos EUA basta considerar o que disse Barack Obama no lançamento do seu programa energético (5 de maio de 2009) quando alocou-lhe quase 800 bilhões de dólares (metade do PIB anual brasileiro!) “Devemos investir numa economia de energia limpa, que criará novos empregos, novos negócios e reduzirá nossa DEPENDÊNCIA da importação de petróleo. As medidas que estamos anunciando levam-nos para perto desse objetivo. Se desejarmos LIDERAR a economia global do século 21, devemos liderar a tecnologia da produção de energia limpa. Com a engenhosidade e determinação dos americanos, podemos e vamos ser bem sucedidos”.
4. O competente e famoso Nobel de Física, Steven Chu, atual Secretário de Energia dos EUA radicalizou e deu a ordem de prioridade do programa: “O desenvolvimento da tecnologia de próxima geração do biocombustível é a CHAVE para terminar nossa DEPENDÊNCIA da importação de petróleo e…amenizar a crise climática”.
Por Antonio Delfim Netto