Com duração de apenas quatro dias, a semana de Alta-Costura é um preparo para a temporada de Prêt-à-Porter internacional, que começa logo em seguida. A regra no Haute Couture é transformar o luxo em roupas e criar um desejo em quem estiver disposto a pagar qualquer quantia por um vestido, blazer ou outra peça que leve o peso das labels mais bacanas do mundo da moda.
* Na Chanel, mais um ponto certeiro de Karl Lagerfeld, que criou toda a coleção em branco, creme e off-white, excluindo da cartela de cores qualquer tom escuro. Nos detalhes, a preciosidade de uma coleção que vale o quanto pesa – sapatos esculturais, luvas de metal, tecidos metalizados e um primor ao aliar camadas, tule e babados em looks de aparência única.
* Riccardo Tisci olhou para o fotógrafo, diretor de arte e maquiador, Serge Lutens, para criar peças nada sóbrias e com um acabamento de primeira. Numa precisão de quem sabe o que faz, Tisci ousou ao brincar com as modelagens – ora amplas, ora mais justas – e dar uma dualidade singular aos looks andróginos. As mulheres são fatais, mesmo vestidas com ternos e calças de alfaiataria, reproduzindo muito bem o direito e o desejo das moças modernas, que sempre estiveram de olho no guarda-roupa masculino.
* A selva de Jean Paul Gaultier vem diretamente do México e as mulheres dele transitam livremente entre o caos da cidade grande e o prazer e a liberdade que só uma floresta pode oferecer. Estampas étnicas, acessórios criados a partir de materiais rústicos, ombros pontudos nos blazers estruturados e muita calda e armação para segurar os vestidos, dignos de qualquer tapete vermelho.
* Depois da saída do estilista Martin Margiela, a marca homônima nunca mais foi a mesma. A coleção de Alta-Costura proposta para 2010 deixou a desejar, com acabamentos “pobrinhos” e falta de criatividade. Já John Galliano continua apostando em seus nada animados painéis com modelos – vestidos datados, silhueta seca e uma inspiração desconexa como a equitação.
* O céu – mais precisamente as estrelas, a lua e as cores destes astros – levaram Giorgio Armani a criar uma das melhores coleções. Formas orgânicas, tecidos fluidos e uma silhueta que dialogava com qualquer uma das peças criaram efeitos únicos, comentados por quem esteve presente no desfile. Referências futurísticas, alusão a uniformes espaciais e um pouquinho do filme "2001 – Uma Odisseia no Espaço" deixaram tudo ainda mais criativo e inovado. Bons frutos, de uma temporada que só volta ano que vem.