Publicidade
A peça criada por Ferradini || Créditos: Reprodução/The New York Times
A peça criada por Ferrarini || Créditos: Reprodução/The New York Times

As reviravoltas envolvendo um biquíni de crochê criado por uma artesã de São Paulo radicada há mais de duas décadas em Trancoso, cujo design foi copiado sem a menor cerimônia por uma imigrante que escolheu morar nos Estados Unidos e acabou resultando em um negócio multimilionário, ganharam as páginas do “The New York Times” no último sábado.

Em matéria assinada pela repórter Katie Rosman, que passou mais de cinco meses investigando a história, a paulista Maria Solange Ferrarini conta que começou a produzir os primeiros modelos do tal biquíni em 1994, logo depois de ter se mudado para o hotspot da Bahia, a fim de vendê-los na praia para se manter por lá.

Maria Solange Ferrarini || Créditos: Reprodução/The New York Times

A peça cheia de cores e razoavelmente maior do que aquelas comumente vistas no litoral nacional (“culpa” de Ferrarini, que passava por uma igreja sempre que voltava pra casa e preferia estar mais coberta nessas ocasiões), logo caiu no gosto das turistas, e uma em particular a adorou.

De férias no Brasil em 2012, a turca naturalizada americana Ipek Irgit baixou em Trancoso para tentar curar uma dor de cotovelo, e de cara se encantou pela cidade. Como lembrança pela boa temporada que passou na St. Barth brasileira, ela comprou um biquíni de Ferrarini, sem saber que o souvenir viria a mudar sua vida…

O biquíni da esquerda é o de Ferrarini, e o da direita é o de Irgit || Créditos: Reprodução/The New York Times

É que meses depois, já curtindo um solzão em um dia de verão em Long Island, Irgit encontrou um amigo a bordo do acessório e quase o deixou sem fôlego com o look. Daí pra ter a ideia de lançar uma coleção “inspirada” na de Ferrarini, porém em escala industrial, foi um pulo. E o resultado, é claro, não deixou a desejar.

Vendido por cerca de US$ 285 (R$ 1.110) nos EUA, e fabricado ao custo de meros US$ 29 (R$ 113) na China, a versão gringa do polêmico biquíni chegou às prateleiras da Barney’s e hoje movimenta US$ 9 milhões (R$ 35 milhões) por ano em receitas. E como qualquer item que faz sucesso, foi pirateado aos montes.

A brasileira vendendo suas criações na praia || Créditos: Reprodução/The New York Times

Como boa empreendedora, Irgit decidiu registrá-lo como marca sua há alguns anos, apesar de que agora vive às turras na justiça com a fabricante chinesa que contratou, e que agora apresenta dúvidas sobre a autoria dela. O caso corre nos tribunais americanos e envolve cifras e acusações de cair o queixo.

Já Ferrarini, que eventualmente assinou um acordo com a Neiman Marcus para vender seus biquínis de crochê em solo americano, se diz mais artista do que empresária, porém não mede as palavras quando o assunto é sua ex-cliente e agora rival. “Eu quero que ela [Irgit] se ferre em verde e amarelo”, disse ao “Times” a estilista. (Por Anderson Antunes)

A turco americana Ipek Irgit || Créditos: Reprodução/The New York Times

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump tenta ressuscitar a franquia Rush Hour ao se aproximar de investidores e de Brett Ratner, num movimento que parece mais político do que cinematográfico. A proposta mistura nostalgia, estratégia cultural e a tentativa de reabilitar nomes controversos, mas enfrenta um mercado que não demonstra demanda real por um quarto filme. O episódio revela mais sobre a necessidade de Trump de reafirmar sua persona pública do que sobre qualquer impulso criativo em Hollywood.
Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise foi o grande nome do Governors Awards ao receber, após 45 anos de carreira, seu primeiro Oscar — um honorário. Em um discurso íntimo e preciso, ele relembrou a infância no cinema e reafirmou que fazer filmes “é quem ele é”. A entrega por Alejandro Iñárritu, seu novo parceiro em um projeto para 2026, reforçou o peso artístico do momento. Nos bastidores, o prêmio foi visto como aceno da Academia a um dos últimos astros capazes de mover massas ao cinema. Uma noite que selou não só um reconhecimento tardio, mas também a necessidade de Hollywood de se reconectar com sua própria grandeza.

Instagram

Twitter