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Tão discreto quanto rico, Juca Adballa evita ao máximo os holofotes || Créditos: Getty Images
Tão discreto quanto rico, Juca Abdalla evita ao máximo os holofotes || Créditos: Getty Images

Nas últimas horas de 2018, algum ou muito provavelmente alguns brasileiros vão se despedir do ano como milionários, já que a Mega Sena da Virada deverá sortear às 20h dessa segunda-feira um prêmio estimado em R$ 280 milhões. A bolada, no entanto, é fichinha perto dos US$ 400 milhões (R$ 1,55 bilhão) de patrimônio extra que o bilionário carioca José João Abdalla Filho conseguiu amealhar só entre janeiro e dezembro, uma soma que equivale a mais de cinco vezes o valor que será sorteado pela principal loteria nacional e que faz dele a pessoa que mais enriqueceu no Brasil no período.

Com estimados US$ 1,9 bilhão (R$ 7,36 bilhões) na conta bancária, Abdalla é um dos filhos do empresário J.J. Abdalla, que atuou nos setores têxtil, cimenteiro, metalúrgico e imobiliário e morreu em 1988. Ele usou a parte que lhe coube na herança paterna para fundar o banco de investimentos Clássico, sem agências ou correntistas, por meio do qual mantém fatias de algumas das maiores empresas estatais do Brasil, como a Eletrobras (5%), a Petrobras (1%) e a Cemig (7%).

No caso dessas três, que têm capital aberto, elas dispararam na bolsa desde os primeiros indícios de que Jair Bolsonaro e Romeu Zema seriam eleitos, respectivamente, os próximos presidente do país e governador de Minas Gerais – tanto um quanto o outro defenderam em suas campanhas a privatização do maior número possível de empresas controladas pela União, o que soa como música para os ouvidos dos investidores tão ávidos pelo enxugamento do Estado.

Além de Abdalla, apenas outro membro do clube dos dez dígitos nacional vai terminar 2018 no azul: Jayme Garfinkel, maior acionista da gigante dos seguros Porto Seguro, que viu sua fortuna aumentar em US$ 100 milhões (R$ 387,6 milhões) durante o ano, para os atuais US$ 2,1 bilhões (R$ 8,14 bilhões). Todos os outros 35 ricaços ou se mantiveram estáveis ou perderam muito dinheiro, caso do ex-mais rico do Brasil Jorge Paulo Lemann, que perdeu US$ 8,1 bilhões (R$ 31,4 bilhões) e ficou com “só” US$ 19,3 bilhões (R$ 74,8 bilhões).

Morador do Rio de Janeiro, Abdalla – que é chamado de Juca pelos mais próximos – vive sem chamar muita atenção e evita ao máximo os holofotes, o que explica porque fotos de arquivo do mega-investidor recluso são raríssimas. A bronca da imprensa surgiu nos tempos de uma ação movida pela família dele no fim dos anos 1980 contra a prefeitura de São Paulo, para a qual os Abdallas perderam o terreno onde hoje está localizado o Parque Villa-Lobos, e que rendeu muitas manchetes antipáticas ao clã.

Descontentes com o valor que receberam dos governantes da capital paulista, eles partiram para uma batalha nos tribunais que se estendeu por anos e acabaram levando a melhor em 2003, garantindo na justiça o direito a R$ 2,5 bilhões a serem pagos em parcelas até 2009, a maior indenização da história do Brasil em se tratando da desapropriação de um imóvel. Abdalla, que ficou com 70% da grana, reinvestiu tudo na bolsa, sempre discretamente mas sem economizar em suas apostas no mercado. (Por Anderson Antunes)

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