Publicidade

por Pietro Marmonti*

Sou só eu, ou vocês também tem a maior raiva do mundo quando veem uma notícia interessante na internet e ao clicar nela aparece “essa matéria é só para assinantes”. Ou como esquecer as horas perdidas tentando cancelar aquele programa de SMS insuportável do “mande uma mensagem para o número ‘X’ e receba piadas engraçadas todos os dias.”

Pagar mensalmente para ter acesso a algum serviço ou produto não é algo novo, mas ao longo dos últimos anos, temos visto um boom em negócios que utilizam o modelo de assinatura como fonte primária de receita. O que antes era reservado para jornais e revistas, e claro, SMSs, parece ter se expandido para literalmente qualquer produto/serviço que você possa pensar. Música, filmes e séries, comidas, videogames, roupas, armazenamento de dados, maquiagens, carros e até insetos. Sim, existe uma empresa chamada Bug Box que entrega insetos mensalmente para quem se inscrever em seu programa de assinatura.

Hoje em dia, a meu ver, alguns serviços são impossíveis de não serem por assinatura, como o Spotify e a própria Netflix, mas outros abusam do modelo para conseguirem esmagar cada centavo de seus clientes. É lógico que você poderia comprar cada música no Spotify individualmente, mas imagina ter que comprar 50 milhões de músicas (biblioteca inteira do Spotify), mesmo se custasse um centavo por música você teria que pagar 400 mil reais para ter acesso à plataforma inteira. Desse modo, é compreensível pagar 26 reais por mês para ter acesso ilimitado às 50 milhões de músicas da disponíveis. Porém, outros serviços abusam do sistema. É o caso da Playstation Plus. Para jogar online não basta somente comprar o jogo de 350 reais. É necessário assinar um pacote anual de 59 dólares.

Isso me faz pensar: Por que será que tudo hoje em dia é por assinatura, e onde essa onda vai parar? O incentivo monetário é bastante óbvio. Empresas que trabalham com programas de assinaturas garantem um fluxo constante de receita, algo extremamente importante para a saúde financeira de um negócio. Além disso, é muito mais barato reter um cliente na sua plataforma do que atrair novos.

Entretanto, acredito que esse modelo de negócio só está por toda parte por conta dos novos padrões de consumo da nova geração. Essa multiplicação de programas de inscrição evidencia um lado bem interessante dos novos padrões de consumo, que a nova geração prefere muito mais “alugar” do que “comprar” um produto ou serviço. Isso tem a ver com que abordei em meu último texto, a sharing economy, e dá fortes indícios do futuro da economia mundial.

Todavia, acredito que a expansão de programas por assinaturas pode trazer um grande problema para a minha geração. Se continuarmos assim, o que hoje é uma conta de 100 reais por mês para ter Netflix, Spotify e Rappi Prime, vai se tornar 1000 reais por mês em alguns anos, e quem sabe até 10 mil reais em um futuro próximo. Gastar essa quantidade de dinheiro em programas de subscrição pode ser um caminho sem volta, criando uma geração totalmente dependente das grandes plataformas que oferecem esses serviços/produtos, algo negativo e perigoso, nos deixando cada vez mais à mercê de programas abusivos. (*Pietro Marmonti, colaborador do Glamurama e empresário da indústria criativa)

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump tenta ressuscitar a franquia Rush Hour ao se aproximar de investidores e de Brett Ratner, num movimento que parece mais político do que cinematográfico. A proposta mistura nostalgia, estratégia cultural e a tentativa de reabilitar nomes controversos, mas enfrenta um mercado que não demonstra demanda real por um quarto filme. O episódio revela mais sobre a necessidade de Trump de reafirmar sua persona pública do que sobre qualquer impulso criativo em Hollywood.
Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise foi o grande nome do Governors Awards ao receber, após 45 anos de carreira, seu primeiro Oscar — um honorário. Em um discurso íntimo e preciso, ele relembrou a infância no cinema e reafirmou que fazer filmes “é quem ele é”. A entrega por Alejandro Iñárritu, seu novo parceiro em um projeto para 2026, reforçou o peso artístico do momento. Nos bastidores, o prêmio foi visto como aceno da Academia a um dos últimos astros capazes de mover massas ao cinema. Uma noite que selou não só um reconhecimento tardio, mas também a necessidade de Hollywood de se reconectar com sua própria grandeza.

Instagram

Twitter