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Viviane Mosé || Créditos: Divulgação
Viviane Mosé || Créditos: Divulgação

Viviane Mosé, filósofa, poetisa e psicanalista, especialista na elaboração e implementação de políticas públicas. Tem vários livros publicados, entre eles A Espécie que Sabe: Do Homo Sapiens à Crise da Razão. Para a PODER, ela respondeu três perguntas sobre o futuro da sociedade pós-pandemia.

COMO A PANDEMIA DEVE MUDAR A FORMA COMO A SOCIEDADE SE ORGANIZA? A mudança nos modos de organização da sociedade acontece desde o nascimento da sociedade em rede. Ela nasce de um suporte objetivo que é a virtualidade, a internet e a possibilidade de reunião e encontro a partir de outro modo de ordenação horizontalizado. A pandemia nos obriga a encontros horizontalizados e nós já temos o suporte para isso – a virtualidade permite novos modos de participação política –, mas o maior desafio do mundo é saber usar as redes. Elas hoje são dominadas por fake news e gabinetes do ódio porque nós não entendemos e não estudamos, de fato, estratégias políticas de ação dentro delas. Quem sabe isso não sofistique a nossa relação com as redes e a gente tenha clareza de que é compreendendo o processo das redes que vamos sair do imbróglio que estamos vivendo.

SOBRE O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DO SER HUMANO. DE QUE FORMA A PANDEMIA ATRAVESSA O QUE VÍNHAMOS CONSTRUINDO? O ser humano está em processo de transformação desde que ele existe. E já vinha passando por grandes choques, especialmente com a virtualidade. Vivíamos uma crise de exaustão humana. Antes da pandemia estávamos no auge da crise do modelo humano atual, o que é representado pelo fato de a depressão ser a doença mais incapacitante do século 21. A automutilação, o uso excessivo de medicações psiquiátricas, o exercício do ódio, a intolerância, era isso que caracterizava o humano antes da pandemia. Mas ela cortou tudo de forma brusca e, ao suspender esse processo, criou a possibilidade de que a gente possa olhar de fora, de rever tudo isso. Como vai acontecer? Teremos que ter consciência para que o processo caminhe positivamente e não de modo desintegrado. A primeira coisa é chamar atenção para o caráter drástico do que estamos vivendo e não fingir que não está acontecendo.

VOCÊ DIZ QUE A PANDEMIA FOI UM DIVISOR DE ÁGUAS, MAS QUE CAUSA MENOS DOR E ANSIEDADE DO QUE A SITUAÇÃO POLÍTICA DO BRASIL. COMO LIDAR COM ESSA DUPLA SITUAÇÃO? Vivemos uma guerra de utilização política da forma mais mesquinha, cruel e desumana. Veja a classe social de quem está morrendo. É um extermínio de pobres, quase conscientemente articulado, e nós não teríamos essas mortes se tivéssemos um governo sério e minimamente preocupado com o ser humano. Portanto, a situação da pandemia no Brasil está diretamente relacionada à situação política e isso está diretamente relacionado ao uso de fake news e a manipulação da informação. A solução está vinculada ao amadurecimento da sociedade e dos indivíduos, que têm que se tornar capazes de ler o mundo a partir de seus próprios critérios.

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