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Rolou muita emoção na live desta quarta-feira com Fabrício Carpinejar. Como bem pontuou o convidado, “no improviso não existe falsidade”. O poeta, cronista, jornalista e comentarista no programa ‘Encontro com Fátima Bernardes’ falou de seu último livro “Coragem de Viver”, uma homenagem à mãe que foi crucial em sua formação enquanto ser humano. Autor de 47 livros e premiado por suas obras, duas vezes levou o Prêmio Jabuti, Carpinejar falou sobre o amor, a pandemia e sua imensa sensibilidade. A seguir, os destaques desta conversa imperdível.

Sobre coragem e sua mãe
“Coragem é a paciência iluminada, e não resignação. O corajoso acredita enquanto faz a sua parte. Ela não surge da vaidade, mas da solidariedade e da empatia, vem quando defendemos alguém porque reconhecemos no outro uma dor parecida com a nossa. Coragem é descortinar o óbvio, porque as grandes verdades estão escondidas ali. Minha mãe é poema encarnado, ela fala poeticamente e meu jeito de falar é impactado por tanto ouvi-la. Ela não é da perfeição, mas da autenticidade, e nunca exigiu de mim, na escola, que tirasse 10 ou que fosse exemplar, o melhor aluno. O que ela queria era sinceridade. Quando entendi o tanto que a sinceridade é transformadora, quis escrever ‘Coragem de Viver’. Ele é um testamento para ela, uma forma de dizer, ainda em vida, que não esqueci das histórias e fábulas que me contava, do chimarrão que tomávamos juntos, das conversas amenas e de como ela aponta absolutamente todas as árvores quando passeamos. Não queria que existisse uma morte entre nós para que eu deixasse essa herança”.

Inspiração, sensibilidade e amor
“Nunca enjoei de um café bem passado, de um pão na chapa. Assim como não consigo ficar enjoado de escrever. Sou resiliente e o simples ato de escrever, independente do tema, me deixa contente. Sabe o que é acordar com a esperança de que naquele dia você pode fazer seu melhor texto? É inominável! E esse sentimento está em mim, no meu cuidado, no meu capricho, na minha dedicação. Ninguém sai de mãos vazias depois de se dedicar inteiramente à uma vocação”.

“Costumo escrever alguns versos e poemas em guardanapos porque eles são frágeis como eu. Se você afunda a caneta em mim, rasga a minha pele. O guardanapo exige atenção, não dá para ser brusco com ele. O amor, da mesma forma, é sensível. Ele nasceu para o plástico bolha, para ser embrulhado no jornal, porque quebra. E você pode até permanecer com aquele amor lascado, fissurado, mas sempre vai olhar para a rachadura, porque sabe que está ali. Apesar de gostar da teimosia de quem restaura, ressignifica e reconstrói, tenho para mim que o erro dos relacionamentos é achar que reconciliação significa recomeçar de onde parou. Mas, não! É uma nova história. Se não correspondido, nenhum amor vale a pena. Não tem como amar sem o amor-próprio”.

Pandemia
“‘Colo, por favor’ foi o primeiro livro que escrevi na pandemia. Ali, a gente já tinha recebido todos os trailers da tragédia na Europa, Ásia e Estados Unidos, e eu sabia que estávamos entrando num novo capítulo da humanidade. Todas as nossas felicidades estavam concentradas na rua, eram externas. Então, houve uma necessidade de reescrevê-las. Hoje, não sou mais eufórico como antes. Não vejo sentido em fazer selfies, por exemplo, porque vivemos um momento tão sério que até uma selfie me desconforta. A alegria hoje é mais serena. Sou menos exigente com ela e mais com as minhas tristezas, não me permito sofrer por coisa pouca. Faz tempo que não gargalho, a realidade me deu uma mordaça. A saudade da vida como era antes nos garante uma sobrevida, é a melhor ambição que existe. Quem tem saudade, tem futuro. Costumamos vincular a saudade ao passado, mas ela é a esperança do reencontro, é por vir, viva, passional, selvagem e intensa. Tem algo que arrepie mais do que a saudade?”.

Play para esse papo delicioso na íntegra:

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