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Doutor Estranho
Foto: Divulgação/Marvel Studios

Com enredo imponente e digno de uma abertura de uma nova fase no universo cinemático da Marvel, “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” é a prova viva de que o estúdio entra cada vez mais no mundo (complicado) dos quadrinhos.

A história gira em torno de America Chavez (Xochitl Gomez), uma garota que possui o poder de abrir portais entre os inúmeros universos que compõem o tão falado multiverso do título do longa. Perseguida por monstros, ela chega ao universo 616 (o que acompanhamos hoje nos filmes) e é salva por Stephen Strange, o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) que com todo seu conhecimento agora parte em uma jornada para tentar ajudar a garota, ao lado de seu parceiro Wong (Benedict Wong).

Strange se encontra em um momento difícil da vida, em que tem que lidar com o casamento de sua amada. A Dra. Christine Palmer (Rachel McAdams) está casando com outro homem. O mago protetor de Kamar-Taj, então, vai atrás de Wanda (Elizabeth Olsen), que agora é a Feiticeira Escarlate, e o que era pra ser uma ajuda se torna o pior dos perigos já enfrentados pelo herói.

Foto: Cortesia/Marvel Studios. ©Marvel Studios 2022.

Sam Raimi

Antes de falar qualquer coisa sobre a estética do filme, devemos relembrar o quando a assinatura de um diretor influencia no desenrolar da trama. Sam Raimi começou sua carreira no cinema de terror trash nos anos 1980, com os filmes da trilogia “Uma Noite Alucinante”, e veio crescendo dentro do gênero até chegar à direção da primeira trilogia do Homem Aranha nos cinemas, em 2001.

Os filmes foram importantes para o gênero dos heróis, mas um problema na pré-produção o fez abandonar o projeto do quarto filme ao lado de Tobey Macguire e Kirsten Dunst. Agora, o diretor retorna aos filmes estrelados por personagens dos quadrinhos, porém sem deixar a estética sombria dos filmes que marcaram o onício de sua carreira.

Com certeza, esse é o primeiro filme de terror que a Marvel fez. As cenas de “jump scare” (sustos), sequências tensas de perseguição, a trilha sonora tem o tom certo para esses momentos da história. Muitas mortes acontecem com personagens que são queridos e o espectador não é poupado de ver o fim de cada um.

Wanda, que agora tem um dark side mais desenvolvido, é agraciada com boa cenas de terror à la “Carrie, a Estranha” e até mesmo com vislumbres de ”O Grito” (2004), filme produzido pelo diretor. Está tudo ali: mortes, sangue, suspense, cenas escuras e todos os elementos do gênero se aliando com a fórmula Marvel, para trazer um filme equilibrado, mas com uma pitada do mundo gore de Raimi.

Filmes x quadrinhos

O que todos os fãs esperam é que as histórias tiradas dos quadrinhos sejam mais fiéis ao material de origem e isso traz muitas discussões entre os amantes das duas artes. Outro pedido dos fãs é que a produtora mergulhe de vez nesse vasto universo, o que ocorre aqui, porém com ressalvas.

Os poderes da Feiticeira, por mais que estejam em um nível elevado, ainda estão a desejar. A magnitude do potencial de dano que a personagem tem ainda não foi usado nas telonas, apesar de ela ter tido uma série pra isso (“Wandavision”, no Disney+), e de ter sido destaque nos últimos filmes dos “Vingadores”. A personagem ainda não remete ao tamanho poder que ela tem nas histórias de sua origem.

Outro ponto que precisa ser aprofundado é o multiverso em si. Estamos há várias produções esperando que os personagens interajam de vez. Pois até nesse filme, que leva o conceito em seu título, ele é tratado como pano de fundo para a história se desenvolver. Não são dadas boas explicações de como funciona e como está o andamento de tudo que vai ser unir com a junção desses universos.

As atuações estão alinhadas ao poder do diretor, mas vemos um engajamento maior de Benedict Cumberbatch, que agora se mostra bem mais solto e com muitas nuances com um personagem que ele conhece e ajudou a evoluir depois de tantos anos. Já sua parceira Rachel MacAdams, que no primeiro filme serviu apenas de interesse amoroso, neste tem um papel mais sincronizado com a jornada do herói, tanto o lado heróico quanto o pessoal. Os atores souberam se aproveitar disso, trazendo uma boa química para a tela.

E não poderíamos deixar de elogiar Elizabeth Olsen, que sempre foi uma personagem forte, mas era não tão explorada e agora traz nesse filme o ápice de sua personagem, com seus trejeitos de maldade, loucura e incompreensão de quem perdeu tudo. É sempre bom ter mais de Wanda, seja ela em série ou filmes. Temos muitas participações especiais, e isso traz uma ponta de esperança para os fãs mais saudosistas dos anos 90 e uma nova adição fantástica de uma atriz consolidada ao universo Marvel nas cenas pós-crédito. Fique ligado!

O filme trará muitas discussões e será um ponto decisivo para a Marvel, que a partir de agora tem que decidir se mergulha profundamente no multiverso ou fica nadando nas margens sem mostrar o grande potencial que tem em mãos.

Poster Oficial. Foto: Divulgação/Marvel Studios

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