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Jejum intermitente pode aumentar compulsão alimentar e frustrar quem busca emagrecer
Estratégia pode gerar compulsão alimentar e dificultar resultados a longo prazo, | Imagem: Reprodução/Freepik

Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP acendeu um alerta sobre os riscos do jejum intermitente, prática adotada por muitas pessoas que desejam perder peso. Os pesquisadores identificaram que a estratégia pode aumentar o desejo por alimentos calóricos e, em alguns casos, levar à compulsão alimentar.

Efeito contrário ao esperado

O jejum intermitente se baseia na alternância entre períodos de alimentação e restrição, com o objetivo de reduzir calorias e melhorar o metabolismo. No entanto, o estudo da USP apontou que essa prática pode gerar um impacto negativo na relação com a comida.

Os pesquisadores analisaram os hábitos alimentares de 458 universitários e constataram que aqueles que praticavam jejum intermitente tinham níveis mais elevados de compulsão alimentar. Entre os participantes que jejuavam regularmente, 32 relataram episódios de compulsão severa, caracterizados pelo consumo descontrolado de alimentos ricos em açúcar e carboidratos.

Por que isso acontece?

Segundo os cientistas, o jejum exige grande controle cognitivo para ser mantido enquanto a pessoa está acordada. Esse esforço pode ser um fator estressor, levando o corpo a buscar uma compensação alimentar depois do período de privação.

“Quando alguém passa muitas horas sem comer, o cérebro entende que precisa armazenar energia e aumenta o desejo por alimentos altamente calóricos”, explica o nutricionista Jônatas de Oliveira, autor do estudo.

Os dados apontam que, em comparação a quem não pratica jejum, aqueles que seguem a estratégia apresentaram um aumento de 29% no tempo de jejum em casos de compulsão moderada e de 140% em compulsão severa.

Nem todo mundo se adapta ao jejum

Embora algumas pessoas consigam manter o jejum intermitente sem grandes dificuldades, especialistas alertam que ele não é indicado para todos. Além do risco de compulsão, há evidências de que a prática pode levar ao efeito sanfona, dificultando a manutenção do peso a longo prazo.

“O problema do jejum é que, após a perda de peso inicial, muitas pessoas compensam comendo mais em outros momentos do dia, o que pode resultar em um ciclo de restrição e excesso”, explica o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Além disso, a prática pode trazer impactos emocionais. O médico destaca que algumas pessoas passam a monitorar excessivamente o peso, evitam interações sociais e sentem culpa ao comer, o que pode gerar sofrimento psicológico.

Orientação profissional é essencial

Para quem deseja emagrecer, especialistas recomendam abordagens mais equilibradas, como a reeducação alimentar. “A melhor estratégia é sempre uma alimentação variada e saudável, sem restrições radicais”, afirma Rosenbaum.

Antes de aderir ao jejum intermitente, é essencial buscar orientação de um nutricionista ou endocrinologista para avaliar se a prática é segura e adequada para cada caso.

“O estudo da USP mostra que o jejum pode funcionar para algumas pessoas, mas não é uma solução universal. Ele exige acompanhamento e um planejamento adequado para evitar riscos”, conclui Oliveira.

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