Feridas emocionais podem estar afetando sua vida de forma silenciosa, e muitas vezes você nem percebe. Um cheiro, uma palavra ou um som podem ativar memórias dolorosas que causam medo, angústia ou até paralisação. Isso acontece porque traumas ficam registrados no cérebro e no corpo, interferindo na saúde mental, nas relações e nas decisões do dia a dia.
A psicóloga Cristiane Pertusi, especialista em EMDR — uma técnica moderna de dessensibilização por movimentos oculares — explica que traumas não são só grandes tragédias. Experiências aparentemente pequenas, como críticas frequentes, bullying, abandono emocional ou separações, também podem deixar marcas profundas.
“Muitas pessoas carregam traumas sem saber. Sentem que algo as bloqueia ou sabota, impedindo uma vida leve. O trauma é como um nó que precisa ser desfeito com cuidado e respeito”, afirma a Dra. Cristiane.
O trauma é uma resposta emocional a um evento percebido como ameaça, real ou simbólico. Pode surgir de acidentes, perdas, violências ou situações repetidas de medo. Quando o cérebro não processa bem essas experiências, elas ficam “presas” e provocam sintomas como ansiedade, dificuldade de confiar, medo de rejeição, procrastinação, raiva ou apatia e até dores físicas inexplicáveis.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, 1 em cada 5 pessoas terá um transtorno psicológico na vida, e muitos desses casos têm origem em traumas não tratados.
O EMDR, validado pela OMS, é uma terapia eficaz que atua diretamente nas memórias traumáticas por meio de estímulos bilaterais — como movimentos oculares guiados — “atualizando” essas lembranças com a consciência e recursos do presente, facilitando a cura.
Essa técnica é indicada para traumas complexos, fobias, ansiedade, bloqueios emocionais e luto, com muitos pacientes sentindo melhora já nas primeiras sessões.
Como identificar se você carrega um trauma? Muitas vezes, ele se revela em padrões repetitivos: relacionamentos difíceis, autoimagem negativa, sensação constante de inadequação ou reações emocionais exageradas a situações pequenas.
Dicas para começar a cuidar dos seus traumas:
- Observe seus gatilhos emocionais e o que pode estar por trás deles.
- Respeite sua história — o impacto está no registro do seu cérebro, não no julgamento alheio.
- Busque ajuda profissional; terapias como o EMDR podem ser decisivas.
- Evite o isolamento e mantenha vínculos afetivos.
- Seja gentil consigo mesmo — a cura leva tempo e exige autocompaixão.
Traumas não são fraquezas, mas respostas naturais a experiências difíceis. Ignorá-los pode ser mais perigoso que enfrentá-los. Com cuidado, apoio profissional e ferramentas adequadas, é possível romper ciclos de dor e construir uma vida mais leve e autêntica.
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