ENTRE O SONHO E A TRAIÇÃO
O nacionalismo extremo é o traço fundamental de Roger Casement, o protagonista de “O Sonho do Celta”, a mais recente obra do Prêmio Nobel de Literatura de 2010, Mario Vargas Llosa, que acaba de chegar ao Brasil pela Alfaguara.
*O livro é um romance histórico, e Casement foi um irlandês a serviço do Império Britânico, que acreditava no poder das instituições econômicas, políticas e sociais da Europa para tirar a África do atraso e da selvageria. Valendo notar que este personagem difere de todos os heróis das ficções de Vargas Llosa justamente pelo nacionalismo fervoroso. Segundo o autor, em entrevista ao jornal “El País”, esta característica de Casement reflete o aspecto mais idealista do termo: “Sempre tive horror dessa forma de fanatismo. O nacionalismo me parece a pior construção do homem. E o caso mais extremo de nacionalismo é o cultural, ainda que em certas circunstâncias ele possa representar valores libertários.”
*Levado pelo nacionalismo, Casement embarcou para o Congo, onde acabou por se dar conta, ao presenciar abusos e maus-tratos contra colonos, de que a presença do colonizador europeu na África não era nem um pouco civilizatória. É aí que ele se volta contra seu próprio país. Em 1916, Casement foi encarcerado em um presídio de segurança máxima em Londres, acusado pelo governo inglês de alta traição. Apenas cinco anos antes, ele havia sido nomeado Cavalheiro.
Por Anna Lee
- Neste artigo:
- Vargas Llosa,