As coreografias de Pina Bausch chamaram a atenção no Theatro Municipal do Rio…

* Para ver a companhia de Pina, que havia visitado o Rio pela última vez em 1997, Caetano fechou um camarote para a família e para a namorada, a bailarina argentina Natália Mendez. Ao lado dela, do filho Tom e da ex-mulher Dedé, o músico passou correndo pela entrada do teatro e reduziu suas palavras sobre a noite em tom seco: “Adoro, adoro, adoro”.

* Poucos metros à frente do palco, o ator Wagner Moura definiu Pina como “uma das maiores artistas do século 20”. “A obra dela é patrimônio mundial. Todo mundo podia ver isso, não? É lindo demais, bom demais”, disse ele, com os olhos marejados ao fim do espetáculo. O ator Ney Latorraca concordou: “Ela faz o que a gente mais ama, que é botar teatro no palco”. A diretora Bia Lessa chorava e repetia aos amigos: “A vida vale a pena pra…”.

* A companhia Tanztheater Wuppertal, dirigida por Pina desde os anos 1970 até a morte dela, em 2009, fica em cartaz no Rio por mais dois dias – com ingressos esgotados – e desembarca em São Paulo para espetáculos de 14 a 19 de abril, no Teatro Alfa. “Ten Chi” é o resultado de três semanas de trabalho na cidade de Saitama, no Japão, e integra a série de 15 montagens que Pina fez a partir de residências em cidades pelo mundo. No palco, o resultado, claro, é elegância, tanto de movimentos quanto da produção impecável, com direito à neve cenográfica pelas quase três horas de peça, algo que já ganhou a bela definição de “cartografia sentimental”. 

* Em tempo: a companhia de Pina Bausch costuma aprender o idioma do país a que chega. Aqui, eles traduziram trechos da peça, que tem textos de José Saramago e Bertolt Brecht, para o português. Há duas bailarinas brasileiras na companhia, Ruth Amarante e Regina Advento. Os demais, ou falam inglês ou se esforçam num português carregado de esforço e sotaque.