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New Years Day, Eisen – 1835
Detalhe da obra ‘Moema”, de Victor Meirelles – 1866 || Créditos: Divulgação

Os mais tradicionais que saiam da sala. Se as palavras ‘nudez’ e ‘sexo’ te arrepiam, então é melhor não pisar na calçada do Museu de Arte de São Paulo, o Masp, a partir do dia 19 de outubro, quando inaugura a exposição “Histórias da Sexualidade”. A mostra pretende discutir o tema a partir de uma noção ampla de histórias, cujos sentidos – múltiplos e diversos – abrangem relatos coletivos e pessoais, ficcionais e não-ficcionais, ultrapassando formas tradicionalmente fixadas pela história da arte.

A exposição “Queermuseu”, montada no Santander Cultural de Porto Alegre, acabou sendo cancelada após críticas de movimentos religiosos e do Movimento Brasil Livre (MBL), que julgaram – e criaram uma corrente de críticas – que a exposição fazia apologia à pedofilia e à zoofilia. No Masp, a mostra vai englobar representações sobre sexualidade de diferentes períodos, territórios e suportes, proporcionando um diálogo novo e desenvolvendo uma abordagem que desafia as fronteiras e hierarquias entre os objetos, suas origens, categorias e tipologias.

São mais de 200 obras e para dar vida a “Histórias da Sexualidade” foi preciso remexer no acervo do Masp e de outras coleções brasileiras e internacionais, incluindo desenhos, pinturas, esculturas, filmes, vídeos e fotografias, além de documentos e publicações das artes pré-colombiana, asiática, africana, europeia e latino-americana.

Serão três espaços expositivos: a sala de vídeo, com um trabalho inédito de Mauricio Dias & Walter Riedweg, a galeria do primeiro subsolo, com o núcleo Políticas do Corpo e Ativismos – com trabalhos de Jo Spence, General Idea, Pedro Lemebel e Yeguas del Apocalipsis -, e o primeiro andar, que terá o maior número de obras, distribuídas em oito núcleos temáticos: Corpos Nus, Totemismos, Religiosidade, Performatividade de Gênero, Jogos sexuais, Mercado de Sexo, Linguagens e Voyeurismo. Nessa parte da exposição serão reunidos nomes como Louise Bourgeois, Vania Toledo, Leonilson, Cildo Meirelles e Cícero Dias, só para citar alguns.

Criar abertura e reflexão acerca da sexualidade e sobre gêneros foi o que motivou a equipe curatorial do Masp, liderada por Adriano Pedrosa, a elaborar a mostra. Ressaltando a importância do programa, Camila Bechelany, curadora assistente da instituição, comenta: “Sexualidade e gênero atravessaram a história da arte desde sempre. Precisávamos colocar essas questões em debate. O nu é considerado um estilo clássico e foi um dos primeiros que surgiu. O corpo nu sempre atravessou não só a história da arte, mas de toda a humanidade”.

“Eu amo te vencer”, Dorothy Iannone – 1969-70 || Créditos: Divulgação

O primeiro andar, endereço mais polêmico da mostra, vai começar pelo núcleo Corpos Nus, que evidencia um dos objetos de estudo e representação mais comuns na história da arte: o corpo humano despido. Estarão expostos corpos femininos, feminilizados, masculinos, masculinizados, trans, não-binários, “queer”, travestis, múltiplos tamanhos, belezas e padrões. A ideia é justamente suscitar reações de repulsa e abjeção, desejo e encantamento. Haverá ainda uma seção dedicada à representação dos órgãos sexuais e outra que pretende destacar o uso da linguagem como uma forma igualmente privilegiada de convencionar a arte e a performatividade, com destaque para a semiótica: língua de sinais e comunicação por símbolos, com intervenções em meios de comunicação e com diferentes maneiras de expressão do gênero e da sexualidade.

No quarto núcleo as questões de gênero serão apresentadas como atos intencionais, histórica e socialmente construídos, capazes de produzir e reforçar sentidos. O momento seguinte explora os jogos sexuais e esmiúça histórias da sexualidade e a existência de práticas coletivas ou intimistas que cruzam tempos, materialidades e espaços. O sexto espaço expositivo será construído a partir de mercados voltados ao sexo, como a prostituição, a pornografia, os sex shops, as saunas e os produtos e serviços derivados destas práticas.

O núcleo Religiosidade parte da ideia de que imagens religiosas são também socialmente negociadas como objetos de cortejo sexual: algumas incitam o desejo e, ao mesmo tempo, procuram conter e silenciar qualquer excitação. E por último, artistas, curadores e público tornam-se voyeurs: observam atos de outros corpos, localizados tanto em locais privados quanto públicos em obras de Edgar Degas, Pablo Picasso e Alair Gomes, entre outros.

Na galeria abaixo, Glamurama entrega um preview da obras que estarão expostas e não devem passar despercebidas… Polêmica à vista? Só seguir a seta! (Por Matheus Evangelista)

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Abertura: 19 de outubro, 20h
Data: de 20 de outubro de 2017 a 14 de fevereiro de 2018
Local: MASP – 1º andar, 1º subsolo e sala de vídeo
Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); quinta-feira – das
10h às 20h (bilheteria até 19h30)
Ingressos: R$30 e R$15 (meia-entrada)

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