Depois de anos marcados pelo excesso de preenchimentos e pela busca por transformações evidentes, os ideais de beleza entram em uma nova fase. A estética contemporânea caminha para um ponto de equilíbrio em que a naturalidade, a personalização e a preservação da identidade se tornam os principais sinais de sofisticação. É o que especialistas chamam de “era da leveza”.
Não faz muito tempo que o preenchimento facial simbolizava a promessa da juventude eterna. Alguns mililitros de ácido hialurônico eram suficientes para devolver volumes, redefinir contornos e promover o chamado efeito de “plenitude facial”. Com o tempo, no entanto, os exageros começaram a cobrar seu preço. Rostos excessivamente arredondados, padronização estética e o fenômeno conhecido como filler fatigue passaram a evidenciar, em vez de disfarçar, os sinais do envelhecimento.
“O excesso de preenchedores gerou resultados antinaturais e, à medida que essas substâncias eram reabsorvidas pelo organismo, acabavam destacando ainda mais a flacidez e o envelhecimento”, explica o cirurgião plástico Dr. Wellerson Mattioli, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Como resposta, surgiu um movimento oposto, popularizado como a “era do vazio”, no qual pacientes e celebridades optaram por dissolver os preenchimentos e resgatar seus traços originais.
Esse processo abriu caminho para o momento atual. Na era da leveza, o objetivo não é mais aumentar ou esvaziar, mas equilibrar. “A busca agora é por harmonia e expressão, respeitando o tempo de cada rosto. O ideal é parecer descansado, com vitalidade e serenidade, mas sem sinais evidentes de intervenção”, afirma o especialista.
A mudança reflete não apenas avanços técnicos, mas uma transformação cultural. Se antes a rapidez e a transformação imediata ditavam as escolhas estéticas, hoje o planejamento cuidadoso e a preservação da identidade ganham protagonismo. “As pessoas querem continuar se reconhecendo no espelho. A verdadeira sofisticação está em parecer bem, e não diferente”, destaca o médico.
O conceito de leveza se manifesta também nas técnicas e tecnologias empregadas. Protocolos modernos de rejuvenescimento priorizam a estimulação biológica da pele, o reposicionamento sutil dos tecidos e o uso de energias controladas, em vez da simples adição de volume. Em procedimentos cirúrgicos, técnicas como o Deep Plane Facelift permitem tratar os sinais do envelhecimento de forma delicada, preservando a expressividade facial. Quando necessário, o volume pode ser reposto com lipoenxertia, utilizando a própria gordura do paciente para resultados mais naturais e duradouros.
Mais do que uma tendência estética, a era da leveza dialoga com a busca por autenticidade. “O rosto ideal deixou de ser o de uma celebridade ou de alguém próximo. O desejo é que a aparência reflita a melhor versão de si mesmo, em coerência com a personalidade e a história de vida”, comenta o cirurgião.
Esse novo olhar também ressignifica a relação com o envelhecimento. Em vez de combatê-lo, a estética contemporânea propõe um pacto mais gentil com o tempo. “O envelhecimento não é mais o inimigo. Buscamos qualidade no envelhecer, com uma pele saudável, sustentação natural e expressões preservadas. Um rosto maduro, mas sem aparência cansada, é o verdadeiro símbolo de equilíbrio”, afirma.
Nesse cenário, o papel do cirurgião plástico também se transforma. Ele deixa de ser apenas um executor técnico e passa a atuar como um curador da identidade facial. “O futuro da cirurgia plástica está na sutileza, em saber o que não fazer e escolher com precisão onde intervir. É isso que diferencia um resultado harmônico de um rosto artificial”, conclui Dr. Wellerson Mattioli.
Fonte: Dr. Wellerson Mattioli, cirurgião plástico e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).