Allan Souza Lima vive um momento de ebulição criativa. Com dois novos filmes prestes a chegar ao público, o retorno como protagonista na aguardada segunda temporada de Cangaço Novo, do Prime Video, e a preparação para dirigir seu novo longa, Poeta Bélico, o artista mostra versatilidade e entrega em uma fase marcada por intensidade artística e pessoal.
Em Talismã, um dos projetos que devem estrear em breve, Allan incorpora pela primeira vez a dança como linguagem dramática. A experiência, segundo ele, vai além da performance física.
“Usar a dança em ‘Talismã’ foi uma experiência singular. Não vi tanto como coreografia, mas sim como expressão mesmo, recurso de cena. É interessante perceber como o corpo pode sustentar uma emoção inteira sem precisar de fala. No fim, é mais uma ferramenta de atuação, e funcionou bem para o que o filme pede.”
O ator também integra o elenco de Lusco-Fusco, outro longa-metragem que integra essa nova safra de trabalhos.
Já no streaming, Allan retorna ao universo de Cangaço Novo, série que conquistou crítica e público ao reposicionar o sertão como centro de uma narrativa potente e contemporânea. A segunda temporada, já gravada na Paraíba, aprofunda os desdobramentos emocionais do protagonista após o assassinato de Ernesto — figura paterna central no enredo.
“Não posso falar muito, mas a segunda temporada está tão intensa quanto a primeira, ou talvez até mais. O que me pegou foi explorar como ele lida com o luto depois da morte do Ernesto. Foi interessante dar vida a isso porque, de certo modo, acabei canalizando coisas minhas ali também. Não é um luto limpo, nem bonito; é torto, fechado… E isso tem uma força que fala por si.”
A vivência no sertão nordestino influenciou diretamente o próximo passo de Allan como cineasta. Em Poeta Bélico, ele volta ao cenário da Paraíba para dirigir uma obra com tom político e existencial. O longa propõe uma leitura simbólica do pós-apocalipse por meio de duas figuras enigmáticas: o Poeta e o Guerrilheiro, interpretados por Alejandro Claveaux e Renato Góes.
“Essas figuras podem ser lados opostos ou ter a mesma consciência dividida. Eu não quero dar essa resposta; quero que o filme incomode, que as pessoas discutam se o Poeta e o Guerrilheiro são inimigos, irmãos, qual vínculo eles têm. O fato é que são homens em guerra com eles mesmos, seja no sentido mais cru e bruto da palavra, ou de uma maneira tão sutil que pode permanecer desconhecida.”
Com coragem para atravessar temas como dor, identidade e conflito interno, Allan Souza Lima consolida uma fase autoral e visceral — uma arte que pulsa corpo e palavra, gesto e silêncio.
Fotos: Divulgação
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