Gabriella Di Grecco une arte, ciência e autocuidado para inspirar um modo de vida mais consciente

Foto: Thiago Henri

 

Em um mundo acelerado, ansioso e marcado por desequilíbrios ambientais, Gabriella Di Grecco propõe outra direção: olhar para dentro para transformar o que está fora. Conhecida por seu trabalho como atriz, cantora, performer e diretora — da Disney à Broadway — ela também é tecnóloga em Ciências Ambientais, com especialização no bioma do Pantanal. Em sua trajetória, entre os palcos e o ativismo silencioso do cotidiano, Gabriella costura uma narrativa de reconexão entre o pessoal e o coletivo, entre o corpo e a terra, entre estética e ética.

A natureza como ponto de partida

Nascida em Cuiabá e profundamente conectada com o Pantanal, Gabriella leva essa vivência para todos os aspectos da vida. “Ter passado anos imersa na natureza me fez compreender a inteligência por trás de tudo o que ela produz. Não existe desperdício”, conta. Seu trabalho acadêmico e artístico convergem numa mensagem clara: não estamos separados do meio ambiente — somos parte dele.

Essa consciência está presente também em sua comunicação com os fãs, nas redes sociais e fora delas. “Arte e natureza podem andar juntas. Ainda temos um longo caminho até entender que somos a própria natureza, e não algo externo a ela”, diz.

Upcycling como prática cotidiana

Muito antes do upcycling virar tendência ou hashtag, Gabriella já ressignificava peças e hábitos. “Desde criança, transformo roupas. Antes era mais fácil: as peças duravam mais. Hoje, com fast fashion e ciclos acelerados de tendência, é possível fazer escolhas mais conscientes”, afirma. Ela defende brechós, trocas entre amigos e um olhar crítico sobre o consumo como formas práticas de reduzir o impacto da moda.

Mais do que estética, para ela, reutilizar é um ato político. “É uma pedagogia silenciosa. Um gesto que transforma o modo como nos relacionamos com os objetos e com o tempo.”

Meditação e hobby como formas de ancoragem

Além da atuação e da pesquisa ambiental, Gabriella propõe a desaceleração como forma de resistência. “Autocuidado não é skincare. É se escutar, se regular, encontrar o que funciona pra você.” A meditação entra nessa equação como uma ferramenta acessível, e não como uma obrigação mística. “Basta um minuto, cinco minutos de pausa consciente. É como beber água ou ir ao banheiro. São pequenas pausas que a sociedade já aceita. Por que não parar para respirar?”, questiona.

Ela também aposta nos hobbies como ferramentas reguladoras. “Eu ando de bike todo domingo. É meu momento de ancoramento. Outros amigos fazem tricô, jardinagem. São formas simples e potentes de produzir dopamina saudável”, explica. E completa: “Estar em contato com a natureza é um regulador poderoso. Já há evidências científicas disso. Um parque, uma planta, um pouco de terra — tudo isso ajuda no curto, médio e longo prazo.”

Foto: Thiago Henri

Uma nova estética de vida

Mais do que uma artista ou ativista, Gabriella representa uma estética de vida que une bem-estar, beleza e responsabilidade ambiental. Uma filosofia que passa por escolhas conscientes, mas também por gentileza consigo e com os outros.

“O mundo vive uma crise de separação. Achamos que estamos desconectados da natureza, mas somos ela. Quando cuidamos de nós, cuidamos do coletivo. Quando respeitamos o planeta, entramos em contato com a nossa própria natureza, que também é cíclica. Está tudo interligado. É tudo um ciclo.”

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