
Aos 27 anos, Isabela Souza reflete sobre uma trajetória que parece escrita em dois idiomas — e duas paixões: atuar e cantar. Mineira de Belo Horizonte, a artista conquistou o público latino ao se tornar a primeira brasileira a protagonizar uma série internacional da Disney, “Bia”, gravada em Buenos Aires e exibida em dezenas de países. Agora, ela transforma a experiência que viveu sob os holofotes do canal em combustível para um novo ciclo: o da criação autoral.
“Meu pai foi músico durante muitos anos, esteve em primeiro lugar no conservatório de Minas Gerais. Acho que minha ligação com a música começou ali, sem nenhuma pretensão, mas já entendendo que a trilha sonora de cada momento fazia toda a diferença”, conta. Essa herança musical se somou ao talento para a interpretação e, cedo, as duas vertentes se fundiram: “Quando comecei a fazer teatro, percebi que cantar foi se tornando uma extensão natural da interpretação. Era sobre emoção, sobre contar uma história.”
Antes de cruzar fronteiras, Isabela viveu o primeiro contato com o universo Disney em “Juacas”, produção brasileira do canal, onde o clima juvenil já trazia o frescor musical típico do estúdio. Mas foi em “Bia” que o jogo virou. “Foi um divisor de águas. Eu saí do Brasil, fui morar em outro país, aprendi espanhol quase do zero e comecei a cantar nesse idioma em pouquíssimo tempo. Era uma responsabilidade enorme, mas o público latino foi muito generoso comigo. Sentiram a minha entrega, porque tudo o que eu fazia vinha de um lugar muito verdadeiro”, relembra.

O reconhecimento veio também pelas canções. Entre as mais de 60 milhões de visualizações somadas estão “Tu Color Para Pintar”, “Lo Mejor Comienza” e “Cuéntales”. Antes disso, Isabela já havia emprestado a voz à princesa Elena de Avalor na faixa “Minha Vez” e às versões latino-americanas de “Speechless”, do live-action Aladdin. “Essa música é muito especial pra mim. Fala sobre se encontrar, sobre não deixar que a sua voz seja silenciada. Sempre tentei equilibrar as oportunidades sem perder a minha essência.”
Após encerrar um ciclo como protagonista de “A Caverna Encantada” (SBT), Isabela segue com o olhar voltado à música — agora em busca de uma sonoridade que traduza sua identidade. “Tenho muita vontade de lançar um projeto autoral. Já escrevo há algum tempo, rabiscos de letras, ideias de melodias… mas sou perfeccionista! Quero fazer algo que tenha identidade, sem pressa.”
Sobre o futuro, ela fala com brilho nos olhos: “Ah, tem tanta coisa! Adoraria interpretar uma daquelas músicas cheias de emoção, com orquestra. Mas também amo o pop, o jazz, os ritmos latinos… Acho que o meu som vai nascer daí: entre o visceral e a leveza, entre o Brasil e o mundo. A arte está nesse meio-termo, onde a gente não precisa escolher um só caminho.”
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