Publicidade
Foto Sonia Gouveia

A Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, comemora seus 100 anos com a instalação Esmaecer BMA100, trabalho inédito da fotógrafa Sonia Gouveia, exibido no hall principal da instituição. Com curadoria da historiadora Marly Porto, a obra amplia a pesquisa da artista sobre memória coletiva, vida urbana e os mecanismos de esquecimento que marcam as grandes cidades.

“Nas grandes metrópoles, nossas histórias se perdem, e nossa identidade se dissolve – na multidão, somos apenas mais um”, sintetiza Sonia.

Entre passado e presente

Desdobramento da série Esmaecer, o projeto sobrepõe fotografias de arquivo – de acervos como o Núcleo de Memória Institucional da própria Biblioteca e o Museu Paulista – às imagens atuais do edifício, registradas pela própria artista. Entre os registros históricos estão nomes como Guilherme Gaensly, Militão Augusto de Azevedo e Werner Haberkorn, que documentaram a transformação de São Paulo entre o século XIX e as primeiras décadas do XX.

De longe, a obra revela a imponência da cena urbana; de perto, expõe fragmentos de vidas, gestos e lugares que resistem ao tempo. “As imagens se tornam gestos de resistência contra o esquecimento, reafirmando que, mesmo em meio à massa indistinta e ao fluxo incessante, há histórias que merecem ser vistas e revisadas”, ressalta a artista.

Sonia Gouveia – Foto Divulgação

Camadas visuais e história da cidade

Marly Porto destaca que a instalação reinscreve a história em novas camadas visuais, convidando o público a revisitar memórias e refletir sobre o presente. A sede da Biblioteca, projetada por Jacques Pilon em 1936 e concluída seis anos depois, testemunhou o início da verticalização da capital paulista – contexto que ressoa com a obra exibida no centenário.

“Em um momento em que as cidades enfrentam desafios relacionados à desumanização, ao anonimato e à marginalização de corpos e histórias, o trabalho da artista visual Sonia Gouveia lança luz sobre as subjetividades que habitam o espaço urbano – especialmente aquelas que se esmaecem frente à lógica da metrópole”, afirma a curadora.

Mais do que uma homenagem, Esmaecer BMA100 propõe um gesto de resgate. “A fotografia é para mim uma ferramenta de pesquisa e reflexão sobre a dinâmica das cidades – não apenas para o resgate nostálgico do passado, mas para compreender seus processos de transformação. As imagens permitem interpretar a experiência urbana com curiosidade e respeito”, explica Sonia.

Trajetória da artista

Formada e mestre em Arquitetura pela USP, Sonia Gouveia (São Paulo, 1978) desenvolve desde 2019 uma pesquisa autoral que transita entre vida urbana e intimidade, explorando tensões entre coletivo e individual. Suas obras já foram apresentadas em festivais, galerias e museus no Brasil e no exterior. Suas referências incluem Cristiano Mascaro, Henri Cartier-Bresson e Nelson Kon, além do construtivismo russo e da Bauhaus, diálogos que atravessam sua produção imagética.

Serviço
Esmaecer BMA100
23 de setembro a 23 de novembro
Biblioteca Mário de Andrade – Saguão Principal
Rua da Consolação, 94 – República, São Paulo

Ainda em setembro, Sonia também participa da mostra coletiva Outros Afetos, no novo Espaço Porto de Cultura, na Vila Madalena.

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Influência de mulheres da realeza molda anúncio da retirada de títulos de Prince Andrew

Influência de mulheres da realeza molda anúncio da retirada de títulos de Prince Andrew

Kate Middleton e Queen Camilla teriam influenciado diretamente o comunicado oficial do rei Charles III sobre a retirada dos títulos e honrarias do príncipe Andrew. A decisão, marcada por um “toque feminino”, reforça a busca da monarquia britânica por transparência e responsabilidade após os escândalos envolvendo o duque. Camilla e Kate demonstram crescente poder e influência dentro da realeza, refletindo uma mudança simbólica na liderança da instituição sob Charles III.

Instagram

Twitter