Publicidade
Carla Cottini || Créditos: Divulgação

A brasileira Carla Cottini está de volta ao Brasil para apresentar no Theatro Municipal de São Paulo uma das óperas mais importantes do romantismo italiano: ‘Rigoletto’, de Giuseppe Verdi. Com estreia neste sábado, direção cênica de Jorge Takla e direção musical do maestro Roberto Minczuk, a soprano de 32 anos assume o principal papel feminino da trama, o da personagem Gilda, filha única de Rigoletto que só tem permissão para sair de casa se for para ir à missa. O elenco também conta com a soprano russa Olga Pudova, os barítonos Fabián Veloz e Rodrigo Esteves, e os tenores Fernando Portari e Darío Schumunck. “Foi quando conheci Rigoletto que decidi que queria cantar ópera. Poder debutar na cidade onde nasci, com o primeiro diretor que acreditou no meu talento e com o meu companheiro de cena favorito, Rodrigo Esteves, é realmente um sonho se tornando realidade”, comemora Carla, que bateu um papo com o Glamurama sobre a desvalorização da arte no Brasil, saias-justas em cena e mais. À entrevista!

Glamurama: Você diz que quando conheceu ‘Rigoletto’ decidiu que queria cantar ópera. O que significa para você, além de fazer parte do elenco, se apresentar no Brasil?
Carla Cottini
: Gosto de ópera desde pequena, mas foi quando escutei ‘Rigoletto’ que entendi o que significava e o quanto queria fazer isso. Parece que tudo o que fiz foi para chegar até aqui, então significa muito… é o momento mais importante para mim. É a prova de que quem se dedica ao trabalho chega à realização de um sonho.

G: Qual seu momento favorito no espetáculo?
CC
:  Essa ópera tem uma música muito bonita e vários momentos maravilhosos. Um dos meus favoritos é quando o tenor se declara a Gilda, meu personagem, e fala: “Então vamos nos amar mulher celestial”. Acho essa música uma coisa de outro planeta. Ele está fingindo para seduzi-la, e brinco que também cairia nessa cantada. Outro momento é a cena final da ópera, quando morro… amo minha morte (rs), é de uma sensibilidade enorme, não tem como não ficar tocado.

Croqui digital do palco de “Rigoletto” // Divulgação

G: Você já passou por importantes casas de ópera do mundo, qual a diferença entre se apresentar fora e aqui no Brasil?
CC
: Sinceramente não existe nenhuma diferença. Uma coisa é fato: estar ensaiando e poder ficar na casa da minha família, que é toda de São Paulo, é maravilhoso. E, claro, a apresentação em si é uma delícia, com pessoas que a gente ama na plateia. Mas minha conexão com a obra é tão intensa que não importa onde estou.

 G: Acha que a ópera, assim como outros espetáculos líricos, têm público no Brasil?
CC
: Com certeza temos muito mais demanda do que oferta. Para ter uma ideia, são oito espetáculos de ‘Rigolleto’ na capital paulista e os ingressos já estão todos esgotados. O brasileiro é um povo que tem o coração muito aberto para arte, muito sensível para a música. Esta é uma arte que não foi bem divulgada por aqui, mas farei tudo o que estiver ao meu alcance para mudar esse cenário. Essa música mudou minha vida, é uma conexão metafísica.

G: Hoje você tem destaque no universo da música erudita, mas precisou sair do Brasil para alcançar essa visibilidade. Por que acha que as coisas ainda são assim por aqui?
CC
: No Brasil falta meio de estudo de música lírica. Na verdade falta educação como um todo. Para interpretar uma ópera é importante acessar outras culturas, conhecer a arte de outros lugares. Não tem como uma pessoa sem formação cantar em uma obra dessas, se conectar com o personagem. Infelizmente nossa educação é muito precária também no mundo artístico. Lá fora a música erudita é muito valorizada. Toda semana vou ao teatro e isso vai formando a gente. Sinto que aqui as pessoas não sabem nem por onde começar.

G: Você mora em Berlim atualmente. De modo geral, a arte é mais valorizada na Europa que por aqui…
CC: É um assunto delicado. Pelo atual governo a arte sem dúvida é desvalorizada. Falta apoio de figuras do poder, sim. Isso porque não sabem a importância que a arte tem. Essa é a diferença. Na Europa, os governos sabem o que significa conservar um teatro, uma biblioteca… sabem o quanto isso reflete na sociedade, como arte transforma as pessoas. Mas hoje no Brasil parece que as pessoas não entendem isso.

G: Qual a sua opinião sobre as atuais diretrizes de governo, que não dão grande apoio à arte e educação?
CC: Acho que a educação é claramente a coisa mais importante para qualquer lugar do mundo. O contato com a arte te engrandece de uma maneira muito profunda. Não incentivar a arte e a educação é cavar a própria cova do país.

G: Além da música clássica, quais outros estilos você curte ouvir?
CC
: Amo samba, bossa nova, música latina, tipo salsa e umas coisas mais antigas. Me conecto com muitos tipos de música. Quem me inspira muito é Maria Bethânia. Foi ela que me ensinou recitar o texto e, mesmo que eu cante em italiano, tento imaginar como seria Bethânia recitando aquilo em italiano, tento ‘roubar’ seu jeito de falar, que é tão claro e cheio de energia.

G: Já passou por alguma saia justa no palco?
CC
: Todos os dias! Desde estar no palco, estourar roupa e ter que sair de cena de lado para ninguém notar, até tropeçar e cair na frente na plateia. Isso sem contar quando a dificuldade vem da nossa própria mente, quando estamos no palco e começamos a duvidar de nós mesmos.

Em tempo: Além do dia 20 de julho, têm récitas nos dias 23, 24, 26, 27 e 30, sempre às 20h, e nos domingos (21 e 28) às 18h. (Por Morgana Bressiani)

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Pressão Legal Abala Boicote de Cineastas à Indústria Israelense

Pressão Legal Abala Boicote de Cineastas à Indústria Israelense

Advogados do grupo Lawyers for Israel enviaram uma carta à Netflix e à BBC acusando artistas e instituições do Reino Unido de promoverem um boicote ilegal contra o cinema israelense. O movimento, impulsionado pela campanha Film Workers for Palestine, pede a suspensão de parcerias com entidades israelenses durante a guerra em Gaza. Para os advogados, a ação viola leis antidiscriminação britânicas; já os apoiadores defendem o boicote como forma legítima de protesto. A polêmica divide a indústria e pode definir novos limites entre ativismo político e discriminação no entretenimento global.
Especialista defende Meghan Markle após beijo no ar malsucedido na Paris Fashion Week

Especialista defende Meghan Markle após beijo no ar malsucedido na Paris Fashion Week

Durante a Paris Fashion Week, Meghan Markle protagonizou um momento constrangedor ao tentar trocar um “beijo no ar” com o designer Pier Paolo Piccioli, resultando em um leve choque de cabeças. A especialista em linguagem corporal Judi James defendeu a duquesa, afirmando que o erro partiu de Piccioli, que se aproximou demais e usava óculos escuros, dificultando a leitura dos sinais não verbais. Segundo James, Meghan reagiu com elegância e autocontrole, evitando contato excessivo. O episódio mostra como cada gesto da duquesa segue sendo amplamente analisado sob os holofotes da mídia internacional.

Instagram

Twitter