Referência em moda festa e bridal, Eduarda Galvani comemora uma década de história do seu atelier com o lançamento da coleção NOUS, uma linha Bridal Prêt-à-Porter apresentada em showroom exclusivo em São Paulo. Reconhecida pela Forbes Under 30 em 2020 e atual presidente da Associação dos Jovens Empresários de Porto Alegre (AJE), Eduarda vem consolidando um percurso que une sensibilidade artística, visão de negócios e inovação. Em entrevista exclusiva ao GLMRM, ela fala sobre sua trajetória, a nova coleção e os próximos passos.
Você cresceu em um ambiente em que os trabalhos manuais estavam muito presentes, principalmente pela influência da sua avó, Celina Bona. Como essa herança afetou a sua forma de criar?
Eu cresci entre linhas, cores e texturas. A minha avó sempre foi esse ponto de luz que me empurrava para o lado criativo, artesanal, feito à mão. Foi com ela que eu entendi que moda não é só estética, é também afeto. Até hoje, ela é a minha grande inspiração — e o mais bonito é que segue trabalhando comigo, lado a lado. Essa conexão atravessa tudo o que eu faço.
É por isso que coloco tanta paixão em cada peça. Porque, no fundo, cada vestido carrega não só a técnica, mas também a memória e o amor que herdei dela.
Você entrou no universo da moda ainda adolescente e construiu uma formação sólida entre Brasil, Londres e Nova York. O que mais marcou esse processo?
Eu saí de Porto Alegre, uma menina cheia de sonhos, e me vi em Londres, onde tudo parecia pulsar em outra frequência.
Eu acredito muito na mistura. Sempre fui curiosa — e viajar, para mim, é justamente isso: despertar para o novo. É se perder em ruas desconhecidas, encontrar em lugares improváveis algo que mexe com a gente, algo disruptivo. É conhecer pessoas, mergulhar em culturas diferentes, ampliar o repertório.
E é dessa bagagem que eu consigo inovar, me reinventar e seguir crescendo, não só como estilista, mas também como diretora criativa e CEO do Atelier Eduarda Galvani.
Antes de fundar o atelier, você trabalhou na maior varejista de moda do Brasil. O que esse período te ensinou?
Que disciplina e sonho precisam andar juntos. Lá, aprendi o rigor do mercado, o ritmo acelerado, o peso de números e metas. Mas também entendi que, sem poesia, a moda perde o sentido. Foi nesse contraste que eu descobri quem eu era: alguém que queria unir gestão e arte, coração e estratégia.
Você foi a primeira estilista gaúcha reconhecida como Forbes Under 30. O que esse título representou para você?
Foi bem importante, sempre conto que era um dos itens daquela lista que a gente guarda a sete chaves, sabe? Foi “respiro fundo” no meio da correria. Uma validação linda, mas mais do que isso, uma lembrança de que eu estava no caminho certo. Não foi sobre o título em si, mas sobre olhar para o caminho e lembrar que o processo é tão importante quanto a chegada.
Como presidente da Associação dos Jovens Empresários de Porto Alegre, você também exerce um papel de liderança além da moda. De que forma isso dialoga com o seu trabalho como estilista?
Ser líder é, no fundo, ser escuta. É perceber as pessoas, enxergar seus talentos, suas dores, suas potências. No Atelier, é a mesma coisa: não desenho para mim, desenho para a outra. Para aquela mulher que chega cheia de sonhos. Liderar dentro da AJE só reforça isso — que criar e empreender são atos coletivos.
Vamos falar da coleção NOUS, que marca seus 10 anos de trajetória. Qual foi o ponto de partida?
A palavra “Nós”. Tanto o fio que conecta quanto o coletivo que constrói. Eu quis celebrar uma década de encontros, de histórias que se costuraram na minha vida e no Atelier. O ponto de partida foi olhar para trás atenta, lembrando dos nossos key-itens mais desejados e para frente com desejo, ambição e muito entusiasmo.
E olhando para os próximos dez anos, quais são seus desejos para a sua carreira e para o atelier?
Que a gente continue crescendo sem perder a alma. Que o mundo conheça nossa moda, mas que cada vestido continue nascendo de mãos que escutam e de corações que sentem. Eu quero Paris, Nova York, quero desfiles internacionais, collabs incríveis… mas, acima de tudo, quero que cada mulher que vestir um Eduarda Galvani sinta que não está só de vestido. Está de história, está de vida.
O nome NOUS sugere um convite à coletividade, ao compartilhamento. O que ele significa para você?
É exatamente isso: um chamado. Porque moda não é palco, é ponte. NOUS não é só sobre mim, é sobre nós todos — clientes, equipe, parceiros, família, cada pessoa que bordou um pedacinho dessa história comigo.
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Quais elementos você destacaria dessa nova coleção?
Texturas que falam de tempo, volumes que respiram liberdade, e detalhes que só se revelam quando a mulher veste. Silhuetas fluidas, jabôs poéticos, godês leves, drapeados estruturados e o diálogo entre crepe e organza, trazem movimento, frescor e sofisticação para a coleção. Laços, volumes e linhas contrastantes revelam um trabalho manual minucioso, em que cada detalhe preserva memórias e carrega significado, como se a roupa fosse um mix de presença e lembrança. Sempre acreditei que um vestido de noiva ou de festa não é apenas uma peça de moda. Ele representa sonhos, momentos únicos e memórias que ficam para a eternidade.
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