Em 2015, Cristine Grings Nogueira tornou-se a primeira mulher a assumir a presidência da PICCADILLY — um marco importante não só em sua trajetória, mas também para o setor calçadista, historicamente dominado por homens na alta gestão. Assumir o comando de uma empresa com longa tradição trouxe desafios e uma responsabilidade significativa.
Desde então, Cristine preservou o legado sólido da PICCADILLY, ao mesmo tempo em que introduziu inovações essenciais na gestão e na cultura organizacional, com uma visão moderna, focada em resultados e pautada em valores como inovação, sustentabilidade e inclusão. Com o apoio da equipe e da família, que participa ativamente do corpo diretivo e do conselho da empresa, Cristine liderou uma transformação que ampliou a presença da marca e consolidou seu papel de destaque no mercado.
Em 2025, ao celebrar 70 anos, a PICCADILLY lança um novo conceito: “Viva em movimento, viva confortável”. Nesta conversa com o GLRMM, Cristine revela os bastidores dessa evolução estratégica, os desafios da liderança feminina e a visão que mantém a empresa sólida, inovadora e alinhada com as mudanças do seu tempo.
Cristine, você é a primeira CEO mulher do setor calçadista. Como foi essa trajetória e quais foram os maiores desafios ao longo do caminho?
Assumir a presidência da PICCADILLY foi um enorme desafio e uma grande honra, especialmente por ser a primeira mulher a ocupar esse cargo em um setor ainda marcado pela liderança masculina. Ter o compromisso de impactar muitas vidas com as decisões que tomamos torna nossa responsabilidade ainda maior. Por isso, transformar o meu sonho — e aquilo em que acreditava — em um sonho coletivo foi fundamental. Sempre contei com o apoio e o trabalho em equipe da nossa família empresária e do nosso time. A busca sempre foi pelo equilíbrio entre manter vivos nossos valores e a nossa essência e, ao mesmo tempo, inovar o negócio para acompanhar as transformações das mulheres e do mercado.
O que significa, para você, celebrar os 70 anos da PICCADILLY?
Entrei na PICCADILLY para coordenar a estratégia de celebração dos 50 anos da empresa. Agora, completando uma década como CEO, celebrar os 70 anos representa, para mim, um marco tanto emocional quanto estratégico. É a prova concreta de nossa capacidade de evoluir sem jamais perder a essência que construiu nossa história. Essa comemoração não é apenas um momento para olhar para o passado, mas também o início de uma nova fase, pautada na inovação e na antecipação das necessidades das mulheres — algo que a PICCADILLY vem fazendo há sete décadas. Os 70 anos representam o reconhecimento do legado que construímos e o impacto positivo que geramos na vida das pessoas. É também uma oportunidade especial para celebrar as conquistas ao longo desse caminho e homenagear os mais de 2.500 colaboradores que, com dedicação e paixão, fazem parte dessa história, contribuindo para transformar vidas a cada passo.
O novo conceito da marca marca uma virada. O que motivou essa redefinição da identidade?
Foi um movimento orgânico. O mundo mudou, as mulheres mudaram — e nós ouvimos. O novo conceito nasce dessa escuta ativa e do desejo de continuar acompanhando a mulher em todas as suas fases, com autenticidade e empatia. “Viva em movimento, viva confortável” não é só um slogan: é uma forma de reafirmar o nosso compromisso com evolução e conexão emocional.
Qual o papel do conforto dentro da estratégia de marca e moda?
O conforto sempre foi uma parte fundamental da história da PICCADILLY. Desde os anos 1990, quando a marca inaugurou essa categoria no setor calçadista, o conforto deixou de ser apenas um diferencial para se tornar um valor essencial. Hoje, essa tradição de inovação evolui para um conceito de conforto contemporâneo, que entende a moda como algo vivo e em constante movimento. Não se trata apenas do que acontece nas passarelas, mas do que acontece nas ruas, no cotidiano, na vida real das mulheres. Estamos ressignificando o conceito de conforto — um movimento natural para uma marca que foi pioneira em transformá-lo em um valor central no setor calçadista. Essa evolução representa um passo estratégico, que reforça o compromisso da empresa com a inovação, a autenticidade e o bem-estar das mulheres em todas as fases da vida.
A PICCADILLY sempre teve forte presença regional. Como equilibrar raízes locais com uma estratégia de internacionalização?
Com propósito. Temos orgulho de nossa origem no Rio Grande do Sul, em cidades como Igrejinha e Rolante, que cresceram junto com a empresa. Mas também entendemos que temos um produto com potencial global. Hoje, estamos presentes em mais de 100 países, e o desafio é manter a proximidade, o calor humano e o cuidado — que fazem parte da nossa essência — mesmo em escala internacional.
Para além do produto, como a PICCADILLY quer impactar o mercado nos próximos anos?
Queremos ser um agente de transformação. Nosso papel vai além do calçado: falamos de encorajamento feminino, sustentabilidade real, responsabilidade social e inclusão. Recebemos recentemente, pela segunda vez, o selo Diamante do Programa Origem Sustentável, e temos metas ambiciosas até 2030 — como nos tornarmos líderes em práticas de ESG no setor calçadista brasileiro. Além disso, seguimos firmes no propósito de promover a equidade de gênero em todos os níveis da empresa, fortalecendo um ambiente diverso e inclusivo. Nosso compromisso é crescer com consciência e continuar transformando vidas a cada passo — dentro e fora da PICCADILLY.
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