
À frente da direção criativa da Fábula há 17 anos, Marta Rodrigues construiu uma trajetória marcada por sensibilidade, propósito e uma escuta atenta à infância em suas múltiplas transformações. Filha de uma atriz, ícone de beleza e estilo, e de um arquiteto apaixonado pelo modernismo, Marta cresceu cercada por referências artísticas que moldaram seu olhar para a moda como linguagem, expressão e narrativa. Agora, essa vivência ganha um novo capítulo com o lançamento da FARM Futura, linha criada em parceria com a FARM Rio para meninas de 8 a 14 anos, uma geração que vive a transição entre a infância e a adolescência com mais consciência, inquietação e desejo de pertencimento. Em conversa, Marta fala sobre os desafios criativos desse projeto, autoestima, identidade e o papel da moda na construção de um futuro mais livre e autêntico.
O que motivou a criação da FARM Futura?
A gente sentiu a necessidade de adaptar o estilo da criança de 10 e 12 anos que já estava entrando na pré-adolescência e que a FARM ainda não atende. Elas serão a FARM do futuro, então queríamos criar essa ponte com um olhar sensível para as novas questões dessa geração.
Quais foram os principais desafios criativos ao desenvolver uma linha para essa idade?
Criar para esse momento em que os corpos e os desejos estão em transição, que são a própria metamorfose. É uma fase de desejos coletivos e, ao mesmo tempo, muito efêmeros.
Como essa transição entre infância e adolescência se traduz no design das peças?
O grande desafio foi criar para essa menina que não quer mais parecer criança, mas sem abandonar o lúdico. O lúdico é a criança interior que não morre. Nosso propósito é justamente não calar essa criança interna, criativa e questionadora.
A autoestima aparece como um pilar importante da linha. Como isso foi incorporado ao projeto?
Nosso manifesto nasce dessa reflexão. Vivemos um momento em que as redes sociais impõem parâmetros inatingíveis de aprovação, de likes. Acreditamos que as amigas reais são as que importam e que não precisamos agradar o mundo inteiro. Queremos contribuir para a construção da autoestima dessas meninas.
Qual é a essência do estilo da FARM Futura?
É a menina que teve uma infância criativa, brincante, em contato com a natureza e o mar. Ela entende que roupas contam histórias. Cresceu sabendo o que quer, e isso se expressa na forma de vestir: liberdade de movimento, inquietação e desejo de transformar.
O que você espera que as meninas sintam ao vestir FARM Futura?
Que se sintam donas de si, livres e lindas.
Como começou sua relação com moda e criatividade?
Sou filha de uma atriz que foi um ícone de beleza e estilo para mim e de um pai arquiteto que me inspirou a amar o design e a arquitetura modernista. Isso formou muito do meu olhar.
Sua trajetória dentro da Fábula influenciou a criação da FARM Futura?
Totalmente. Ao longo desses 17 anos de Fábula, a FARM foi minha escola. Crescemos juntas e, de certa forma, criamos juntas a FARM Futura.
Qual foi o maior aprendizado ao longo da sua carreira como diretora criativa?
Ouvir a minha intuição.
Em que momento você percebeu que queria trabalhar com o público infantil e juvenil?
Quando virei mãe. Um clichê, mas absolutamente verdadeiro.
A criatividade para você vem de onde? Quais são suas maiores inspirações?
De ser muito curiosa com tudo e de ser brasileira. Cresci ouvindo Dorival Caymmi, Dona Ivone Lara, Gal, Caetano e, claro, dos meus três filhos, que me ensinam todos os dias e me fazem olhar sempre para frente.
Como você equilibra propósito e estética no seu processo criativo?
A estética precisa estar alinhada ao propósito. E esse propósito deve ser coletivo, precisa falar ao coração de muitas pessoas.
O que ainda te desafia como criadora depois de tantos anos na marca?
Seguir com o espírito livre e corajoso.
- Neste artigo:
- Bate-papo GLMRM,
- FARM Futura,
- Moda e Design,