Publicidade
Foto Divulgação

O Grupo Mulheres do Brasil completa 12 anos em 2025 com uma marca que impressiona: são 120 mil mulheres reunidas em uma rede que atua em 21 comitês e 156 núcleos, espalhados por todas as regiões do país e em diferentes continentes. Criado em 2013 por Luiza Helena Trajano, ao lado de empresárias como Sonia Hess e Chieko Aoki, o movimento se consolidou como uma das maiores iniciativas coletivas voltadas para equidade de gênero e raça no Brasil. Em setembro, dois eventos estratégicos reforçam esse propósito: o III Fórum Desafios da Diversidade em Saúde, que coloca em pauta desigualdades raciais no setor, e a 16ª edição da Aceleradora de Carreiras, programa que já impactou mais de duas mil mulheres negras, promovendo ascensão profissional e protagonismo.

Conversamos com Eliane Leite, líder do Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil, para entender como o movimento vem transformando trajetórias e ampliando a presença de mulheres negras em espaços de decisão.

O Grupo Mulheres do Brasil nasceu em 2013. O que explica o crescimento até chegar a 120 mil mulheres em rede?

O Grupo foi criado pela Luiza Helena Trajano, junto com empresárias como Sonia Hess e Chieko Aoki, com uma ideia muito clara: pensar soluções para o Brasil a partir do olhar feminino. Desde o início, buscamos fortalecer iniciativas já existentes em vez de criar do zero. Isso nos deu consistência, credibilidade e uma rede que cresce porque responde a demandas reais da sociedade. Hoje, somos 120 mil mulheres, em 21 comitês e 156 núcleos espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Essa capilaridade nos permite atuar de maneira plural e potente, com diferentes perspectivas que se complementam.

Quais são os destaques entre as iniciativas lideradas pelo Comitê de Igualdade Racial?

O nosso grande marco é a Aceleradora de Carreiras, um programa de impacto comprovado. Já aceleramos 2.047 mulheres negras, e 58% delas tiveram ascensão profissional depois da participação. São histórias de mulheres que conquistaram cargos de coordenação, gerência e diretoria em empresas de diferentes setores. Temos ainda o Impulsionadora de Carreiras, voltado para jovens de 16 a 23 anos, que já beneficiou mais de 800 meninas em fase de descoberta profissional. Esses projetos não são apenas sobre empregabilidade: são sobre confiança, protagonismo e abertura de caminhos que historicamente foram negados às mulheres negras.

O que torna a Aceleradora tão transformadora?

A força está no formato. São três dias de imersão intensa, de sexta a domingo, com palestras, dinâmicas e muito networking, seguidos por seis meses de mentoria com líderes do mercado. É um espaço criado para provocar uma virada de 360º na vida das participantes. Muitas chegam inseguras e saem empoderadas, com clareza de objetivos e conexões valiosas. Além disso, o programa mostra às empresas que existe um enorme contingente de profissionais negras altamente qualificadas, prontas para assumir cargos estratégicos.

Em setembro acontecem dois grandes eventos. Qual a importância deles?

O mês de setembro é simbólico para nós. No dia 13, realizamos o III Fórum Desafios da Diversidade em Saúde, no Hospital Sírio-Libanês, reunindo 450 profissionais para debater as desigualdades raciais no setor. Saúde é uma área estratégica, e trazer médicos, enfermeiros e gestores para essa conversa é fundamental. Já nos dias 26, 27 e 28, acontece a 16ª edição da Aceleradora de Carreiras, em formato híbrido, com alcance nacional e internacional. Teremos 200 mulheres presencialmente e outras 200 online. São momentos que fortalecem trajetórias individuais, mas também constroem um movimento coletivo pela equidade.

A saúde é um dos temas em destaque. Que desigualdades precisam ser enfrentadas?

Existem desigualdades históricas e muito sérias. Doenças como anemia falciforme, hipertensão e miomas afetam mais a população negra, mas ainda recebem pouca atenção na formação médica. Além disso, a pandemia de Covid-19 deixou evidente que a população negra morreu mais, não por biologia, mas por falta de acesso e condições adequadas de atendimento. Representatividade na saúde é determinante: quando temos médicos e gestoras negras na linha de frente, existe um olhar mais atento para essas questões, diagnósticos mais precisos e políticas inclusivas. É sobre salvar vidas.

Como o trabalho do Grupo se conecta às agendas globais, como ESG e ODS?

A conexão é direta. No eixo S – Social do ESG, nosso trabalho promove inclusão e reduz desigualdades. No eixo G – Governança, mostramos que diversidade nas lideranças é fundamental para decisões mais justas e representativas. Do ponto de vista dos ODS da ONU, atuamos no ODS 5, que trata de igualdade de gênero, e no ODS 10, que foca na redução das desigualdades. O recado é claro: não existe ESG consistente sem raça e gênero no centro das decisões.

E quais são os próximos passos para os próximos anos?

Nosso desafio é ampliar ainda mais a presença de mulheres negras em cargos de liderança e decisão. Isso significa fortalecer parcerias, expandir programas para outras regiões e continuar sensibilizando empresas e instituições. Também queremos consolidar nossa atuação fora do Brasil, já que o Grupo hoje está presente em diferentes continentes. Como costumo dizer, a equidade racial precisa deixar de ser promessa e se tornar realidade concreta dentro das organizações. Esse é o compromisso que nos move diariamente.

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Instagram

Twitter