
Com um olhar inovador sobre o futuro dos eventos e do live marketing, João Felipe Villanova, fundador da Macunaíma.ag, vem se destacando por unir criatividade, propósito e sustentabilidade em cada projeto. À frente de uma agência que nasceu com DNA socioambiental, ele acredita que é possível transformar a forma como o mercado produz experiências, reduzindo desperdícios e promovendo impacto positivo real.
Nesta conversa, João fala sobre a missão da Macunaíma, compartilha exemplos de projetos sustentáveis, comenta as tendências do setor e explica por que acredita que sustentabilidade se constrói no dia a dia, e não apenas em discursos de marketing. Uma visão inspiradora de quem está ajudando a redesenhar o futuro da comunicação e dos eventos no Brasil.
A Macunaíma nasceu com um propósito claro de impacto socioambiental. Como vocês definem a missão da agência hoje?
Acredito que a nossa missão é impactar o maior número de pessoas e empresas com a nossa mensagem: é possível fazer eventos com responsabilidade socioambiental. O setor de entretenimento tem um desperdício de materiais muito grande e queremos mudar isso. Queremos provocar o mercado a pensar de forma diferente. Hoje temos um objetivo claro de cuidar de toda a cadeia dos materiais que usamos nos eventos e nas ativações da Macunaíma, a fim de minimizar o impacto no meio ambiente.
Qual é o diferencial da Macunaíma em relação a outras agências quando o assunto é sustentabilidade?
Como disse na primeira pergunta, nascemos com esse propósito — e isso muda tudo! Temos uma preocupação genuína com o tema e estamos sempre atentos a todos os processos, materiais, logística e pessoas envolvidas. Buscamos constantemente formas de fazer diferente dentro do live marketing e dos eventos corporativos. Queremos ser referência em criatividade socioambiental, uso e descarte correto de materiais, lixo zero e impacto positivo.
Quais projetos recentes da agência você destacaria como exemplos de inovação em sustentabilidade?
Cada projeto tem sua particularidade, mas posso citar o stand da Lantery Indústria na Febrava, nosso último evento entregue. Tivemos um reaproveitamento de mais de 80% dos materiais. Tudo que poderia ser reutilizado em cenografia foi destinado ao cliente, enquanto as madeiras — quase cinco toneladas que normalmente iriam para o aterro — foram transformadas em combustível para uma usina de energia renovável.
Conte um pouco sobre sua carreira, formação e visão de negócio.
Comecei minha carreira na Quintessentially, criando experiências para clientes de alta renda. Atendíamos marcas como Audi, Ferrari e Mastercard Black, desenvolvendo experiências exclusivas. Foi minha grande escola. Desde cedo, aprendi a criar experiências com propósito e impacto, além de desenvolver habilidades comerciais importantes. Sou publicitário, com pós-graduação em Gestão de Marketing. Depois de fundar minha primeira agência, estudei Gestão de Projetos na Berkeley e, recentemente, fiz um curso de ESG no MIT. Acredito que estar atualizado é essencial no nosso mercado.
Como você enxerga a evolução do mercado brasileiro em relação à comunicação de sustentabilidade?
Vejo avanços, mas ainda temos um longo caminho pela frente. Os números de reciclagem no Brasil continuam baixos, apesar da evolução. Lixo ainda não é um assunto “sexy”, mas precisamos falar sobre ele, sobre o descarte e sobre como melhorar nossa relação com os resíduos. O tema ESG vem ganhando espaço, mas ainda falta implementação prática. Falamos sobre reciclagem desde o colégio, mas, na realidade, ainda não fazemos o básico.
Que conselho você daria para marcas que querem integrar sustentabilidade ao seu DNA e não apenas ao marketing?
Façam no dia a dia. Sustentabilidade se constrói em pequenas ações diárias, não apenas em grandes projetos. É preciso compromisso real e contínuo. Devemos analisar nossa cadeia de produção e buscar formas de gerar menos impacto ambiental. Há práticas simples e outras mais complexas, mas o importante é começar. O consumidor está cada vez mais atento e reconhece quem entrega de verdade. Um exemplo é o evento que fizemos para a Caudalie, uma marca que não usa plástico em sua essência — entregamos um evento zero plástico para eles.Como você imagina a contribuição da agência para o futuro da comunicação sustentável no Brasil? E quais tendências você acredita que vão guiar as marcas nos próximos anos?
Queremos provocar o mercado a pensar diferente. A cadeia de entretenimento no Brasil é gigantesca e ainda gera toneladas de lixo enviadas diariamente para aterros sanitários. Nosso objetivo é ser referência em lixo zero e eventos com impacto positivo, como já fizemos com a Arena do Orgulho.
Se conseguirmos plantar uma semente para que outras agências adotem uma agenda comprometida com ESG, teremos cumprido nossa missão.
Quanto às tendências, acredito que o futuro está no impacto positivo. Hoje, não basta apenas neutralizar carbono — é preciso devolver algo à sociedade. O público quer ver marcas que vão além, que deixam legados. Mas, antes de tudo, precisamos fazer o básico com excelência. Sustentabilidade começa pela prática, não pela promessa.
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