
Eu sempre achei que algumas experiências chegam antes da gente. Acontecem no corpo, na pele, no aroma do ar e só depois viram palavras. A visita à Maison Telmont em Champagne foi exatamente assim. Uma experiência sensorial com muitas camadas e cheia de propósito.
Chegar a Damery, no coração de Champagne, foi como atravessar um portal silencioso. Nada de tapete vermelho e ostentação; o “welcome” veio em forma de um par de galochas. Há algo libertador em abandonar o salto, pisar na terra úmida e perceber que o luxo verdadeiro está em sentir…
E antes que eu continue: fomos os primeiros brasileiros oficialmente recebidos pela Maison. Pode parecer detalhe, mas não é. Em um universo em que exclusividade não se força, se concede, isso diz muito sobre o momento, sobre a abertura e sobre o privilégio que vivemos ali.
Enquanto caminhávamos entre as videiras, ouvi histórias de um futuro que já está sendo construído pela mão de visionários comprometidos: vinicultura orgânica, respeito ao ecossistema, o compromisso ousado de chegar ao carbono zero até 2030. Nada dito com arrogância, tudo com a tranquilidade de quem sabe que coerência é mais elegante que qualquer rótulo dourado.

E ali, no meio das fileiras de uvas pequenininhas de um dulçor profundo, uma curiosidade ganhou ainda mais sentido: a Telmont tem como sócio Leonardo DiCaprio, alguém que há décadas usa sua voz (e influência) para defender o planeta. Saber que ele escolheu apostar nesta maison diz muito sobre o propósito que sustenta cada garrafa. A parceria não é marketing; é alinhamento. É um comprometimento real. E, de algum modo, isso pareceu se misturar à minha própria busca como indivíduo: viver histórias extraordinárias, mas repletas de verdade.
Quando entramos na sala de degustação, um laboratório high-tech que parecia preparado para decifrar segredos, foi como mudar de linguagem. A terra virou aroma, o vento virou perlage, e o propósito se materializou em um líquido potente e suave ao mesmo tempo.
E foi ali que aconteceu meu momento do dia: eu me apaixonei por uma garrafa. O Blanc de Blancs ganhou meu coração (não só meu coração, mas as milhares de degustações às cegas de que ele participou). Ele chegou leve, mas intenso. Primeiro, um perfume quase translúcido; depois, aquela acidez precisa que desperta o paladar como quem sussurra: “estou aqui”. Na boca, a cremosidade que acolhe sem dominar. E o final… ah, o final. Ficou mais tempo no palato do que eu gostaria de admitir. Talvez porque algumas coisas boas sabem exatamente quando devem permanecer.

O que mais me encantou é que ele não tentava impressionar. Ele simplesmente ERA, com propósito e serenidade, como quem tem a consciência limpa e sabe o que representa. E eu juro: dá para sentir essa honestidade na taça.
Depois da degustação, fizemos um menu harmonizado preparado por um chef local apenas para nós, e tivemos o privilégio da companhia do Ludo, CEO da Telmont, um visionário que ousou fazer diferente em um mundo dominado por rótulos lendários. Ele não falou de mercado; falou de mundo. De impacto. De escolhas que deixam rastros ou deixam de deixar. Contou como se tornou sócio de um astro mundial. Enquanto os pratos chegavam, sempre em delicado diálogo com as taças, percebi como o luxo se torna mais leve quando nasce de convicção. E como essa leveza, em vez de diminuir, engrandece.
Voltei para casa com a sensação de ter vivido algo raro, mas ao mesmo tempo profundamente simples: um encontro íntimo com a alma de um champagne. Nada de ostentação; só verdade. E agora, com a Telmont recém-chegada ao Brasil, guardo uma certeza: algumas garrafas não são para impressionar. São para acompanhar momentos sinceros, conversas que importam e celebrações de conquistas que elevam a vida.

Telmont é o tipo de champagne que você leva a um jantar não para provar que sabe das tendências, mas porque você sabe sentir. Porque valoriza o propósito. Porque entende que algumas borbulhas carregam histórias inteiras dentro delas. E se você prestar atenção, cada gole devolve um pouco daquela minha caminhada de galochas entre as videiras, do silêncio profundo do campo, do encontro com o Blanc de Blancs que me conquistou, da experiência que realmente me marcou.
E, como eu não sou dessas que conseguem guardar um achado desses só para mim, esse tipo de experiência precisa ser compartilhada com o mundo. Ano que vem já temos data para mais uma expedição para amantes de champagne e colecionadores de momentos memoráveis.
Barbara Bacchi
- Neste artigo:
- colunista GLMRM,
- leo dicaprio,