1. Um dos mais graves problemas da crítica fácil às políticas do Governo é a falta de informação confiável. Um ilustre e inteligente intelectual e político a quem o Brasil muito deve (FHC), tem feito observações próprias do seu espírito provocador, mas à vezes mal informadas. Um exemplo gritante de que elas são comandadas mais pela emoção do que pela razão, foi o que disse há poucas semanas sobre o Biodiesel. Referindo-se ao recente (justificado e fundado) entusiasmo do Governo com relação ao pré-sal, ele afirmou com a maior tranqüilidade que o “biodiesel é hoje alguma coisa arqueológica , ninguém mais fala, sumiu…” Ignorou que em novembro realizou-se o 16º leilão de Biodiesel, onde 32 empresas venderam sua produção (preços ligeiramente abaixo do nível fixado) já com vistas à antecipação do plano B5 (5% de biodiesel na composição do óleo diesel) aprovado recentemente pelo Governo.
2. O programa do biodiesel ainda não é o sucesso que dele se espera devido à falta de matéria prima mais adequada. Hoje 4/5 do produto é extraído da soja(o outro 1/5 é de sebo bovino). As pesquisas agronômicas e tecnológicas devem ser aceleradas para encontrar-se suprimento que tenha menos relação com a alimentação e seja mais econômico, como parece ser o caso do pinhão manso. Enquanto isso, para provar que o biodiesel não é uma “coisa arqueológica”, o País começa a desenvolver um programa para a expansão do dendê. Parece claro que não avançaremos para o B10 se dependermos apenas da soja. A verdade é que o mundo do biodiesel está em ebulição com as pesquisas de variedade (para uso em áreas degradadas) pela EMBRAPA e da tecnologia pela PETROBRAS (o H-bio). Isso sem falar nos investimentos das empresas privadas do setor petrolífero(Shell, Exxon Mobil e British Petrolum) na busca do “biodiesel de segunda geração”.
3. Quando se analisa a evolução do número das 100 maiores empresas multinacionais entre 1990 e 2008, encontramos um quadro interessante que relativiza o festejado “declínio do capitalismo americano” que parece entusiasmar uma parte da nossa intelectualidade que continua insistindo na utopia. Veja abaixo o número dessas empresas por pais de origem:
Por Antonio Delfim Netto