1. O desenvolvimento econômico é apenas o outro nome que damos ao aumento da produtividade do trabalho. Trata-se de um processo termodinâmico que se aplica tanto às pequenas aglomerações humanas submetidas ao poder de um soba, no período neolítico, quanto às gigantescas do século XXI controladas por sofisticadas instituições. Cada comunidade (não importa o seu tamanho) tem de capturar a energia dispersa em seu habitat e dissipá-la no processo produtivo de bens e serviços que servem à sua sobrevivência. A discutida usina hidroelétrica de Belo Monte, no rio Xingú, na Amazônia, é um exemplo físico desse mecanismo. Como é evidente, para que a sociedade construa um desenvolvimento sustentável é preciso que a captura de energia destrua o menos possível o habitat, que é o que faz Belo Monte.
2. A preocupação dos “ambientalistas” é perfeitamente compreensível. Eles são hoje uma espécie de “consciência” da evolução de sociedades que desde o primeiro domínio da natureza (com a fundamental “revolução” agrícola da produção de alimentos há 10.000 anos) deu ao homem as condições para a superação do nomadismo e iniciou as aglomerações que seriam as cidades. Até o início do século XIX o homem se apropriou da energia disponível nas madeiras da floresta, no curso dos rios com rodas d’água e dos ventos com os moinhos. O uso da madeira para construir navios e o aproveitamento dos ventos na navegação produziram a revolução “comercial” que levou os europeus a ocupar o Mundo nos séculos XVI e XVII. Até então toda a energia era “renovável” e o crescimento era relativamente modesto da população (limitada pela disponibilidade de alimentos) e do PIB mundial
3. O caso da usina de Belo Monte é importante porque: 1º) mostra que precisamos continuar a ampliar a oferta futura de energia usando fontes renováveis. As alternativas são o petróleo, o gás ou o átomo, muito piores para a degradação do meio ambiente e 2º) mostra o aumento da resistência à forma mais limpa de energia organizada por toda sorte de “ambientalistas”: reais ou oportunistas, ONGs nacionais e estrangeiras (agora em 3-Dimensões)…
4. É muito importante reconhecer as conseqüências da impropriedade com que se tem tratado o problema indígena. Chegou-se, agora, a “reconhecer” nações indígenas que (dentro do território brasileiro), ameaçam declarar “guerra ao Brasil”. Isso mostra o risco implícito das imensas “reservas” da fronteira que estabelecemos sem cuidado. Interessante, ainda, é que entre as tribos indígenas não se consegue ouvir as vozes favoráveis a Belo Monte (que existem!),, apagadas pelo “barulho ensurdecedor” dos Reais fornecidos às ONGs e suas “mídias” pela política laxista do próprio Governo e pelo tilintar de Dólares e Euros que recebem dos países estrangeiros.
Por Antonio Delfim Netto