É mesmo muito engraçado: no dia-a-dia, a gente não dá a menor bola para a geladeira, que fica lá trabalhando sem parar na cozinha, sem fazer barulho, sem se fazer notar… Mas basta ela quebrar pra gente sentir a importância que tinha – e a revolução que isso causa na vida da gente: pega um isopor bem grande, tenta colocar tudo lá, joga um monte de coisa fora. Tudo isso enquanto o técnico faz o impossível pra consertar a geladeira bem rápido. A mesma coisa acontece com o ar que a gente respira. Ninguém dá a menor bola porque, na verdade, desde que a gente nasceu já está respirando, e isso é parte tão integrante, tão inerente à vida humana que a gente nem nota. Mas quando o ar se torna irrespirável, como nos últimos tempos em São Paulo, aí, sim, a gente se dá conta de que algo muito esquisito está acontecendo: não tem ar puro. Pode parecer estranho, mas as coisas que a gente mais sente falta são justamente aquelas que a gente nem nota que existem no dia-a-dia. Como ar, água, conforto, aconchego, alimento, amor, saúde. Parece até que isso nunca vai faltar, que é garantido para sempre. Mas quem já passou pela experiência da geladeira quebrada – e muita gente deve ter passado… – é bom aprender com a lição: nada tem garantia para sempre. Minha recomendação, se é que eu posso dar uma? Usar com muito cuidado, tratar muito bem da manutenção e se cercar de tudo que é necessário para o bom andamento das coisas – e não estou falando só da água e do ar, não…