Glamurama bateu um papo com a escritora Corinne Maier. A francesa falou sobre filhos, homosexualismo e muito mais.

Corinne Maier gosta de polêmica. Pra quem duvida, basta dar uma olhada em dois dos mais recentes livros dessa escritora francesa de 46 anos: em "Bonjour Paresse", bestseller que figurou por semanas na lista dos mais vendidos do "New York Times", ela defende um dos sete pecados capitais – a preguiça. Já em "Sem Filhos – 40 Razões Para Você Não Ter", Corinne fala sobre as benesses de viver uma vida sem herdeiros, e ainda garante que sua seleção foi "light". "Crianças são o inferno. Quarenta razões para não ter filhos ainda é bem pouco", argumenta.

* "Sem Filhos" será lançado este mês nos Estados Unidos e Canadá, mas já é sucesso na Europa e está disponível para venda no Brasil desde 2007. E, aproveitando uma folguinha em sua agenda, Corinne bateu um papo com Glamurama. Confira a entrevista dela:

Por quê você resolveu tocar em um assunto tão polêmico?

Corinne: Justamente por isso! Por ser um assunto tão pouco discutido, existe muito a esse respeito que precisa ser dito. Esse tipo de tópico, mais polêmico, sempre foi o meu maior interesse. Claro que existe uma pressão social, a sociedade é normativa. Mas sempre foi assim. Não faz muito tempo, as pessoas se sentiam obrigadas a se casar, ter filhos e passar o resto da vida junto com alguém, mesmo quando não queriam isso. A pressão social simplesmente se apresenta de outras formas hoje.

Você pesquisou bastante os diferentes tipos de educação materna em vários países do mundo. Existe algo que lhe chamou atenção na América Latina? Ou no Brasil, sobre a maneira que as mulheres daqui criam seus filhos?

Corinne: Quando comparadas às européias, as crianças brasileiras são sortudas, porque vivem em um país jovem, grande. O futuro pertence à elas. Já a Europa é um continente velho onde as pessoas jovens pensam que são velhas também.

Hoje em dia é muito comum ver celebridades adotando crianças ou decidindo ter um monte de filhos. Claro que isso pode ser bom, mas de certa forma não é uma distorção da idéia de se tornar pai – simplesmente porque podem, eles devem?

Corinne: Ter filhos também é uma maneira de expôr riqueza e até mesmo sucesso. Sucesso do casal, sucesso pessoal… Um filho simboliza isso. Isso explica porque alguns famosos exibem suas crias tão freneticamente. As pessoas continuam querendo ter filhos, e eu não acredito que possamos prevenir isso. De qualquer forma, nós podemos rir…

Existe muita discussão sobre a adoção de bebês por casais homossexuais. Há quem acredito que a ausência de uma figura materna – ou paterna – possa ser um problema. Isso é verdade?

Corinne: Existem muitos casais gays criando seus filhos, e eu não acredito que isso seja um problema. A sociedade não proíbe isso, o problema é que falta apoio legal para casais homossexuais que desejam ter filhos. Eu não acredito nessa história de figura materna ou paterna. Estudos mostram que filhos de casais do mesmo sexo não são nem mais e nem menos instáveis ou infelizes do que os filhos de casais heterossexuais.

E, por último, ao invés de ter filhos, o que você sugeriria às pessoas?

Corinne: Façam o que quiserem, vivam seus sonhos mais impossíveis. Deixem suas casas e vidas suburbanas. Exijam um mundo melhor para se viver agora, e para os outros. Não para amanhã e, muito menos, para as crianças que ainda vão nascer.

Por Anderson Antunes

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