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Por Verrô Campos

“The Changing Lights”, novo CD da cantora de jazz americana Stacey Kent, com lançamento mundial nesta semana, tem muito de Brasil. Fã da bossa nova, ela e o marido, o produtor do disco Jim Tomlinson, criaram as suas versões para composições de Tom Jobim, Dori Caymmi, Marcos Valle e Roberto Menescal, que participa tocando em duas faixas do álbum. O disco ainda tem composições originais do próprio Tomlinson, sendo que duas delas são colaborações com o poeta português Antonio Ladeira. Glamurama conversou -em português!- com Stacey, que decidiu aprender a língua depois que “descobriu” João Gilberto. A cantora está promovendo o disco na Alemanha, mas promete fazer shows no Brasil ainda no final deste ano.

Onde você nasceu? De onde vem a sua família?

Nasci em New Jersey, numa família de acadêmicos, meu avô era russo, mas passou grande parte de sua vida na França. Por isso o francês era nossa segunda língua, sempre falávamos o idioma em casa. Embora não fosse uma família de músicos, minha mãe tocava piano clássico e eu também, vivíamos sempre dentro do universo da música de alguma forma.

Você se lembra da primeira vez que escutou bossa nova?

Eu me lembro perfeitamente. Tinha 14 anos e estava na casa de um amigo depois da escola, com quem dividia grandes paixões. Ouvi naquele dia pela primeira vez o disco de João Gilberto com Stan Getz, aquilo me pegou imediatamente, ouvir a voz de João Gilberto cantando tão suave, intenso, melancólico, mas também leve. A batida passava algo otimista. Depois disso fui para a Tower Records em Nova York (loja de discos) e comecei a descobrir todos os outros músicos brasileiros: Elis Regina, Dorival Caymmi, Tom Jobim… mas, sobretudo, João Gilberto. Eu só acabei me tornando cantora profissional mais tarde, quando fui estudar línguas na Europa. (Stacey fala fluentemente francês, alemão, italiano, português e latim)

Você já veio muito ao Brasil? O que costuma fazer quando vem para cá?

Muitas vezes, com o meu marido. Nós fomos os únicos músicos não-brasileiros (Jim toca saxofone) a tocar no show de 80 anos do Cristo Redentor, em 2011, e participamos da gravação do CD de 50 anos de carreira do Marcos Valle. Roberto Menescal é um grande amigo meu, vamos à sua casa no Rio, seu jardim é repleto de bromélias, uma tranquilidade… Sinto no Brasil as emoções da música brasileira, cheia de histórias e saudades de outros países, foi a sensação de saudade que me fez descobrir a minha ligação com o Brasil. Sou muito ligada à natureza, eu e Menescal falamos muito sobre isso, a inspiração na música pela mãe-natureza. Eu moro nas montanhas do Colorado, no meio do nada, preciso disso, é a minha alimentação. Portanto, quando estou no Rio de Janeiro, sempre vou ao Jardim Botânico, que era frequentado por Tom Jobim. Tomo água-de-coco, como muito bem…

Como é trabalhar tão perto de seu próprio marido?

Nunca vou dizer que todo casal deve ser assim, mas para nós funciona perfeitamente bem. Ele é meu melhor amigo, musicalmente temos a mesma conversa. Confio nele, ele sabe o que quer de mim e eu dele. Por isso as canções que ele compõe são sob medida para mim, adoro a conversa que temos fora e dentro do palco.

*Aperte o play e confira Stacey cantando “One Note Samba”, uma das faixas do novo CD.

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