Glamurama estava na plateia do Gran Cine Bardot, no Festival de Búzios, quando Cláudia Faissol exibiu um trecho do comentado documentário que produz há mais de dez anos sobre João Gilberto. O vídeo mostra a passagem do músico por várias cidades do mundo e alguns de seus milhões de fãs estrangeiros. Uma tailandesa chora ao lembrar o que já fez para conseguir um ingresso para uma apresentação do baiano no Carnegie Hall, em Nova York. No entanto, mistura as bolas e cantarola “Garota de Ipanema” ao falar do ídolo.
* Nos poucos momentos em que aparece respondendo as perguntas de Cláudia, João, que nunca dá entrevistas, de tão evasivo, provocou gargalhadas de quem estava na sala. Ela jura que não esperava esse tipo de reação. “Isso foi uma surpresa, mesmo sabendo que às vezes ele é meio comediante”, nos disse, em uma conversa exclusiva. “Fazer ele falar é muito difícil. Forcei a barra. Ele acha que tudo o que tem para dizer está em suas músicas.” Sobre todas as lendas envolvendo o músico, ela garante. “Algumas são verdade, mas a maioria é inventada. Tem dias que ele assiste a alguém falando sobre ele na tevê e comenta: ‘quem é esta pessoa que está dizendo que me conhece?’”
* Ficou curioso? Como o documentário ainda precisa de patrocinadores para entrar em fase de finalização, Glamurama conta algumas declarações de João. Sobre a relação com gravadoras: “Tem um negócio chato. Você se esmera e grava… […] E não foi para a gravadora, foi para o povo. […] Depois… ‘Ah, não pode porque a gravadora não deixa’. Aí fazem a coisa pior que é. Fazem besteira, tiram frequência, mudam som. […] Isso é digital. […] Aí eu já estava perdido… Tudo horrível. […] Não é brinquedo… Los brasileños!” Sobre seu processo criativo, ele conta: “Fui estudar a teoria e estava sentindo uma coisa vindo… Nunca pensei que alguma dificuldade…”, e interrompe o raciocínio. Por fim, tocando violão, diz: “Não sei, não sei, não sei”. Entendeu, glamurette?