Publicidade
Peter Fitzek || Créditos: Reprodução
Peter Fitzek || Créditos: Reprodução

A extrema-direita da Alemanha tem um novo ídolo: ele é Peter Fitzek, um ex-cozinheiro de 54 anos que há anos se autointitula “Rei da Alemanha”. Membro do “Reichsbürgerbewegung”, um movimento de pessoas que rejeitam a legitimidade do moderno estado alemão, Fitzek sempre rendeu notícias nas seções de bizarrices das publicações da república oficialmente comandado por Angela Merkel, mas ultimamente começou a ganhar destaque de forma mais séria, ao ponto de recentemente ter sido perfilado pela revista de negócios “Bloomberg Businessweek”, uma das mais importantes do segmento nos Estados Unidos.

O motivo que chamou a atenção dos americanos foi o “reino” que Fitzek criou em 2012, que tem até mesmo sua própria moeda, seu próprio passaporte e seu próprio banco. A instituição financeira, no entanto, está na mira das autoridades fiscais da Alemanha por supostamente funcionar sem ter permissão para isso, e também por possivelmente ser usada para a lavagem de centenas de milhares de euros de seu fundador e de amigos dele.

Fitzek, é claro, afirma que tudo não passa de perseguição daqueles que, segundo ele, temem o crescimento de sua popularidade. De fato, o autoproclamado monarca viu sua base de seguidores aumentar consideravelmente durante a pandemia, em parte por causa das teorias conspiratórias que propaga no canal oficial que mantém no YouTube, cuja média de visualizações quintuplicou nos últimos meses.

Em um dos mais recentes vídeos que postou no site, Fitzek chega a sugerir que a pandemia de Covid-19 foi “criada” pelos Rockefellers e outros judeus ortodoxos poderosos de todo o mundo, com o único objetivo de fazer mais dinheiro para todos eles. Em um outro, “Sua Majestade” dá conta de que certos governos, aí incluído o liderado por Merkel, querem implantar chips em seus cidadãos para controlá-los.

Fitzek – que prefere ser tratado por seu primeiro nome, como é a regra para soberanos – jamais se encontra com jornalistas sem levar consigo uma penca de documentos que afirma serem suficientes para comprovar sua origem nobre, mas especialistas já descreditaram esses papéis. Ainda assim, ele enxergou na atual situação global um momento para voltar a brilhar, tal como já havi sido o caso na crise financeira de 2008, quando começar a chamar atenção.

Defensor de Donald Trump e da ideia de que o presidente americano é alvo de constantes tentativas de golpe orquestrados por o que chama de “deep state”, Fitzek vive de doações feitas por seus fãs, muitos dos quais agora começam a se organizar por toda a Alemanha através de células. Já há quem tema sobre o impacto que essa turma terá nas próximas eleições gerais do país, que acontecerão entre agosto e outubro de 2021. Com vários personagens atípicos à política tradicional chegando ao poder de uns anos pra cá, a possibilidade de ver o “Rei Peter” se tornando mais um é, desde já, uma preocupação para muitos. (Por Anderson Antunes)

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump tenta ressuscitar a franquia Rush Hour ao se aproximar de investidores e de Brett Ratner, num movimento que parece mais político do que cinematográfico. A proposta mistura nostalgia, estratégia cultural e a tentativa de reabilitar nomes controversos, mas enfrenta um mercado que não demonstra demanda real por um quarto filme. O episódio revela mais sobre a necessidade de Trump de reafirmar sua persona pública do que sobre qualquer impulso criativo em Hollywood.
Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise foi o grande nome do Governors Awards ao receber, após 45 anos de carreira, seu primeiro Oscar — um honorário. Em um discurso íntimo e preciso, ele relembrou a infância no cinema e reafirmou que fazer filmes “é quem ele é”. A entrega por Alejandro Iñárritu, seu novo parceiro em um projeto para 2026, reforçou o peso artístico do momento. Nos bastidores, o prêmio foi visto como aceno da Academia a um dos últimos astros capazes de mover massas ao cinema. Uma noite que selou não só um reconhecimento tardio, mas também a necessidade de Hollywood de se reconectar com sua própria grandeza.

Instagram

Twitter