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Créditos: Walter Carvalho
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Em alta na Globo após Justiça, Amores Roubados e Avenida Brasil, o diretor José Luiz Villamarim estreia no cinema como veterano

Por Raul Duarte para a revista Poder de fevereiro

O filme Redemoinho é bem diferente do que o diretor José Luiz Villamarim, de 54 anos, está acostumado a fazer (com sucesso) na televisão. “Na TV, você filma reiterações, repetições. No cinema, o ritmo, o tempo e a beleza da imagem são mais importantes”, esclarece. O filme, baseado no livro O Mundo Inimigo – Inferno Provisório Vol. II, do escritor mineiro Luiz Ruffato, conta a história de dois amigos que seguem caminhos diferentes na vida: Luzimar fica no interior e trabalha em uma tecelagem, enquanto Gildo vai para São Paulo. Quando se reencontram, fatos do passado são relembrados e as memórias dolorosas criam uma tensão entre eles. O filme se passa em Cataguases, interior de Minas Gerais. “A história me arrebatou. Lembra muito a minha própria cidade, com pessoas reais que eu conhecia andando pela rua”, diz o diretor, também mineiro.

Propositalmente, o filme tem um ritmo mais lento e, segundo o diretor, isso diz ao espectador: “Você está no cinema”. “Vivemos num ritmo alucinado. É trânsito, trabalho, celular. O filme quer que você respire um pouco”, explica. Com isso, grandes planos mostrando a cidade e seus detalhes – a assinatura é do diretor de fotografia Walter Carvalho – trazem cenas de extrema beleza. “O cinema é trabalho em equipe. Era muito importante alguém para trazer essa beleza achada em lugares inesperados. Nisso Walter é rei”, conta Villamarim. Chamam atenção também as atuações de Irandhir Santos e de Júlio Andrade. “São atores muito completos. Queria personagens sem folclore, sem afetação e eles conseguem transmitir.” Além deles, Dira Paes e Cássia Kis Magro também se destacam. “Parece que são ainda melhores fazendo cinema”, afirma.

Em sintonia com as últimas produções nacionais de alta qualidade, como Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, Redemoinho traz para a tela os dramas de uma classe média que não era muito representada nos cinemas. “Temos mais os muito ricos ou os muito pobres. Essa parcela média, que é a maioria dos brasileiros, simplesmente é invisível.” É em busca de mostrar esse invisível que o filme se desenvolve. “A história mostra essas tramas que poderiam se passar com qualquer um. Penso que é o charme do filme. Ao mesmo tempo, é um pouco angustiante”, comenta Villamarim. A estreia está prevista para o dia 9 de fevereiro e a recepção, no Festival do Rio de 2016, já foi muito boa. “Espero que faça sucesso, claro. Mas, principalmente, que transmita a nossa mensagem”, conclui o diretor.

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