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“O Sal da Terra” estreia nesta quinta-feira
“O Sal da Terra” estreia nesta quinta-feira

Da Revista PODER

Por Pedro Henrique França

Durante muito tempo, Sebastião e Juliano Salgado viveram distantes um do outro. O primeiro, obcecado em documentar e entender o mundo por meio de imagens. O segundo, um menino que passou a vida sem entender a tal obsessão que os mantinha longe. Pai e filho só vieram a se reconectar, em 2009, por causa de um jantar entre Sebastião e o cineasta Wim Wenders, que tinha planos com o fotógrafo. A ideia ficou no ar. Em seguida, Juliano acompanhou o pai a uma tribo indígena e, sem ele saber, registrou imagens daquela expedição. “Quando voltei, mostrei a ele e o Sebastião ficou muito tocado de ver o modo como o filho dele o via”, conta Juliano. Curioso notar que Juliano não chama Sebastião de “pai”, mesmo afirmando que “O Sal da Terra” provocaria transformações entre eles que jamais imaginara. O documentário, que estreou em Cannes em 2013, e foi indicado ao Oscar de melhor longa do gênero, chega aos cinemas nesta quinta-feira. “Esse filme mudou muito minha vida e nossa relação”, diz, para em seguida, avaliar: “Somos uma família de imagem, (essa relação) tinha de ser resolvida assim, pela imagem.” A partir dos takes daquela viagem, Juliano começou a trocar e-mails com Wenders. Juntos, tiveram a mesma intuição sobre o filme: mostrar as histórias que Sebastião gostava de contar quando voltava de cada viagem. E decidiram pela parceria.

A olhos nus

Juliano conta que só com a ajuda de mais alguém conseguiria fazer o filme. “Tinha de ser com muitas entrevistas. E eu tinha medo de confrontá-lo e não conseguir, por conta de nossa relação que não era tão boa. No início, não fazia ideia de quanto o Wim iria vestir a camisa.” Foi durante as entrevistas, em Paris, onde mora Sebastião, que Juliano começou a entender o pai. “Me dei conta das coisas duríssimas que ele passou, as lições de vida e como ele se transformou. Isso teve um impacto muito grande em mim. Depois dali viramos amigos. E percebi que o problema da nossa relação era eu, não ele. Acho que por isso o filme tem feito sucesso. Porque tudo aquilo que entendi naquele momento todo mundo que assiste entende também.”

Por “tudo aquilo”, Juliano cita o entendimento a olhos nus que Sebastião teve sobre a humanidade, em especial de quão bárbaros e cruéis podem ser os homens, em especial com a natureza. Na busca por entendê-los, ele conta que o pai foi “longe demais”, “se quebrou psicologicamente” e se reinventou. “Em uma época tão pessimista como a que vivemos, Tião e Lélia, minha mãe, encontraram esperança no mundo. Isso faz a força do filme: em um momento em que a humanidade se comporta de forma tão bárbara, eles mostram que ainda é possível fazer ações positivas.”

Ele conta sobre a transformação ecológica que os pais tiveram em um período que passaram em uma fazenda em Minas Gerais e, especialmente, o que derivou dali: a ideia, já em andamento, de plantar 100 milhões de árvores nos próximos 25 anos nas margens do Vale do Rio Doce. “É um trabalho de uma proporção enorme que, acredito, não exista em nenhum outro lugar do mundo. Iniciativas desse tipo podem mudar muita coisa e é isso o que a gente tenta passar no filme: um olhar real sobre o mundo, mas otimista, mostrando que é possível transformá-lo.”

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