O mundo do basquete foi sacudido nesta quinta-feira, 23, depois que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelar uma investigação que expõe um sofisticado esquema de apostas ilegais envolvendo jogadores, ex-atletas e um técnico da NBA. Entre os nomes citados estão Terry Rozier, do Miami Heat, Chauncey Billups, treinador do Portland Trail Blazers, e Damon Jones, ex-jogador e amigo próximo de LeBron James. Embora o astro do Los Angeles Lakers não seja investigado, seu nome foi indiretamente citado em mensagens trocadas entre os acusados — o suficiente para que o caso ganhasse enorme repercussão pública.
De acordo com a denúncia, o grupo teria usado informações privilegiadas sobre lesões, escalações e minutos de jogo de atletas para manipular apostas conhecidas como prop bets — que envolvem estatísticas individuais ou desempenhos específicos dentro das partidas. Jones, por exemplo, teria orientado apostadores a investirem contra os Lakers após saber que James ficaria de fora de uma partida em fevereiro de 2023. Até o momento, não há provas de que o camisa 6 estivesse ciente do uso dessas informações, mas a menção a seu nome intensificou o escrutínio sobre as relações entre jogadores e o mercado de apostas.
Paralelamente, as autoridades apontam que parte dos envolvidos também operava um segundo esquema ligado a jogos de pôquer clandestinos. Nesses eventos, realizados em cassinos privados e clubes de luxo, teriam sido usadas tecnologias para fraudar resultados, como câmeras escondidas e mesas modificadas. Billups, segundo a acusação, facilitava a entrada de apostadores ligados a redes do crime organizado de Nova Iorque, lucrando com as fraudes e comissões das mesas.
A NBA, que nas últimas temporadas abraçou o mercado de apostas esportivas como nova fonte de receita e engajamento, enfrenta agora um dilema de credibilidade. A liga afirma manter políticas rígidas de integridade, mas o escândalo expõe lacunas internas de controle — especialmente na circulação de dados sensíveis entre equipes, técnicos e atletas. O caso reacende a lembrança do episódio de 2007, quando o árbitro Tim Donaghy foi preso por manipular resultados em jogos da própria liga.
Para os especialistas em governança esportiva, o impacto pode ser devastador. Além das punições criminais, os acusados podem ser banidos da NBA, enquanto patrocinadores e plataformas de apostas podem rever contratos. “O dano de imagem é imediato, mas o real risco está na confiança do público — elemento central para a sobrevivência econômica do esporte”, disse um analista ouvido pela CNBC.
Embora James não figure entre os investigados, o caso projeta uma sombra desconfortável sobre seu entorno e reforça a urgência de regras mais claras sobre o uso de informações internas no universo esportivo. A investigação do FBI segue em curso, e as audiências preliminares devem ocorrer ainda neste trimestre. A depender das provas apresentadas, o episódio pode redefinir o relacionamento entre a NBA e o mercado de apostas — um terreno cada vez mais lucrativo, mas também cada vez mais vulnerável.
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