Publicidade
Divulgação
Divulgação
Válter Hugo Mãe é considerado um dos escritores mais talentosos de sua geração. || Créditos: Divulgação

Sucesso de público e crítica lança seu sétimo romance e conversa com PODER

Por Nataly Costa para a Revista PODER de dezembro
Uma fila imensa se formava no primeiro andar da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, no começo de novembro. Era a noite de autógrafos de Valter Hugo Mãe, escritor angolano radicado em Portugal que é sucesso absoluto no Brasil e que acaba de lançar seu sétimo romance, Homens Imprudentemente Poéticos, pelo selo Biblioteca Azul, da Editora Globo.  PODER aproveitou a passagem do autor por aqui para garantir uma conversa:

PODER: Muitos acreditam que a popularidade de um autor é inversamente proporcional à qualidade da literatura, o que não é seu caso. O que pensa disso?

VALTER HUGO MÃE: Há mesmo esse preconceito contra  a visibilidade, como se a verdade estivesse do lado dos escondidos. Para mim, não – acho até que certas coisas fazem mais sentido se entregues a mais gente. Nunca achei que fosse preciso ser um sujeito obscuro e mal-humorado para ser levado a sério.

PODER: Você escreve prosa, poesia, contos, livro infantil, coluna para jornal. Como consegue ser tão produtivo?

VHM: Tenho a felicidade de ser efetivamente um escritor. Não só preciso pagar as contas como a escrita é uma compulsão. A literatura surge como coisa inelutável, não sei entender o mundo sem o socorro das palavras. Escrever é meu modo de pensar, é a forma mais espessa que tenho de maturar as ideias.

PODER: Mas você não só escreve. Você canta, desenha…

VHM: Mas isso é como amador, como alguém que ama. Não posso ser apresentado como artista plástico. Faço desenhos que eventualmente são maus, as pessoas é que são simpáticas. Não espero tê-los ao lado de uma obra de arte, enquanto quero muito meus livros ao lado de outros que sejam verdadeiramente literatura. Desenhar, cantar, tudo isso é mais uma incapacidade minha de resistir à vida. Não sei recusar, gosto de estar disponível. Adoro dizer sim.

PODER: O que você lê?

VHM: Filosofia, ensaios. Gosto muito de Sérgio Buarque de Holanda. Recentemente, conheci Leandro Karnal e fiquei maravilhado. Queria encontrar os diários de Lúcio Cardoso, que estão esgotados. Há uns dois anos li uma página em uma livraria e não sei por que não comprei. Também tenho lido um filósofo romeno que morou na França, o Emil Cioran, e outras coisas que vou pegando… hoje mesmo comprei o livro de ensaios do Benjamin Moser sobre arquitetura no Brasil e, se tiver meia hora antes de dormir, já vou começar.

PODER: E quando esse tempo antes de dormir vai para o celular? Estamos lendo menos?

VHM: Já pensei muito sobre isso e também me culpo. A verdade é que hoje, com a realidade digital, mantemos contato com muito mais gente. Somos parte de um coletivo muito mais extenso, e a gestão dessa infinidade de relações ocupa nosso tempo. Por vezes, é gratificante porque encontramos amigos, pessoas que admiramos, há uma espécie de feedback do mundo que é compensador. Mas às vezes não, ficamos só esperando que alguém nos tenha dito uma coisa boa. Ficamos na expectativa dessa justiça do mundo, da consumação de um agrado, de uma paixão. E ela não chegou no e-mail, não chegou no Facebook e a gente fica ali só perdendo tempo, só demorando, como quem tem esperança em uma coisa que não vai acontecer. Então era melhor estarmos a ler os ensaios sobre o Brasil.

 

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

O novo 'Superman' e a crise moral do mundo contemporâneo

O novo 'Superman' e a crise moral do mundo contemporâneo

O novo filme Superman, dirigido por James Gunn e estrelado por David Corenswet, chega aos cinemas explorando temas atuais como verdade, justiça e esperança em meio a um mundo polarizado. Gunn imprime ao herói um tom mais humano e político, colocando o Homem de Aço no centro do debate cultural contemporâneo. O longa, além de entretenimento, reflete sobre ética, solidariedade e o valor de princípios num tempo marcado por crises e desconfiança global.
Baterista Matt Cameron anuncia saída do Pearl Jam

Baterista Matt Cameron anuncia saída do Pearl Jam

Matt Cameron anunciou sua saída do Pearl Jam depois de 27 anos na banda. O baterista, conhecido também por seu trabalho no Soundgarden, agradeceu aos colegas e fãs. Sua saída deixa aberta o futuro da formação do grupo, que ainda não confirmou quem ocupará o posto nos próximos shows.

Instagram

Twitter