Ré em um complicado processo no qual é acusada de ter passado a perna nos investidores de sua própria empresa, a encrencada Elizabeth Holmes não quer saber de ter seu alto estilo de vida detalhado nas cortes dos Estados Unidos. Isso estava sendo feito pelos advogados das supostas vítimas dela, na tentativa de provar em juízo que a empresária de 36 anos usou os recursos financeiros que eles confiaram a ela para desenvolver seus negócios – coisa de centenas de milhões de dólares – de forma completamente ilegal.
Mas, em um pedido arquivado em um tribunal da Califórnia na semana passada, os defensores de Holmes argumentam que sua cliente vive e sempre viveu como qualquer outro bambambã do Vale do Silício, e que tentar transformar isso em algo errado fere sua privacidade. Entre outras coisas, Holmes teria usado o dinheiro de seus sócios para comprar carros e propriedades de luxo, se hospedar nos melhores hotéis e marcar presença em festas hypadas nas quais fazia a bff de celebridades.
Pra quem não acompanhou toda a história desde o começo, Holmes é a fundadora da Theranos, um laboratório de análises clínicas que prometia realizar exames básicos em tempo recorde de forma muito mais barata. Teria sido um sucesso, não fosse pelo fato de que a empresa entregava testes com resultados completamente equivocados. Da descoberta disso até a queda de sua fundadora, não demorou muito, mas suspeita-se que Holmes tenha vivido durante um tempo sabendo que tinha um pepino nas mãos.
Com as atividades encerradas em setembro de 2018, a Theranos recebeu aportes totais de US$ 700 milhões (R$ 3,8 bilhões) que a fizeram valer perto de US$ 10 bilhões (R$ 54 bilhões). Como era dona de 50% da extinta companhia, Holmes chegou a ter sua fortuna avaliada em US$ 4,5 bilhões (R$ 24,2 bilhões), cifra que a tornou brevemente a bilionária “self-made” mais jovem de todos os tempos. Mas tudo isso virou US$ 0 quando ficou provado que sua grande ideia na verdade era apenas mais um golpe corporativo. (Por Anderson Antunes)