Esta semana conversamos com Lígia Cortez. Filha dos atores Raul Cortez e Célia Helena, ela é nome forte na cena das artes cênicas e, claro, tem muito para dizer. Além de ser diretora da tradicional Escola Célia Helena e professora da USP, Lígia está em cartaz com a peça “Maria Stuart” e toca, em paralelo, projetos em ONGs como a Gol de Letra e a Arte Despertar.
* Como você entrou para o mundo das artes cênicas?
“Eu era muito tímida, morta de medo de enfrentar as pessoas. Minha mãe, então, me colocou no teatro para resolver o problema. Não tinha afinidade nenhuma, mas à medida que fui frequentando as aulas, percebi que tinha um lado do teatro que me deixava feliz.”
* O que te faz feliz na profissão?
“Poder fazer alguma coisa pelo outro. Enfrento o desafio de um personagem sempre pensando no aspecto humano, para que as pessoas possam se identificar de alguma maneira. Claro que existe o lado egóico dos atores, mas a questão da educação por meio da arte é fundamental… É a possibilidade de o espectador ou o aluno ter a vida de alguma forma compreendida pelo teatro. Levá-lo a pensar, se criticar e saber da sua força.”
* Como você sente a influência dos seus pais?
“Nasci vendo teatro, assistindo a boas interpretações. Tive o privilégio de conviver com artistas sensacionais. Um senso crítico… um olha estético aguçado me foi legado logo na minha infância.”
* Da onde vem a inspiração para tocar tantos projetos?
“Nem eu sei como consigo fazer tanta coisa! O teatro me dá toda a força para estar 100% comprometida com tudo. Estudei psicologia, mas meu envolvimento estava no teatro. Percebi essa arte como uma ferramenta de crescimento humano, porque é um trabalho muito vigoroso e visceral. De transformação.”
* Mariana Ximenes, Dalton Vigh, Cássio Scapin, Antonio Calloni, Laura Neiva, Marcos Mion são alguns nomes que saíram da escola. Fale sobre as revelações do Célia Helena.
“Tenho o maior orgulho de todos. É muito gratificante ver em toda peça de teatro, produção de cinema ou novela algum aluno da escola. Não formamos só atores, mas diretores, críticos… Aliás, a mudança de papéis é uma característica generosa da profissão.”
* A biblioteca do Célia Helena é um dos pontos fortes da escola. Quais as leituras obrigatórias?
“’Hamlet’, "Édipo Rei", porque sem Édipo não se entende o ser humano, e qualquer peça de Molière. Na dramaturgia brasileira, Nelson Rodrigues e Ariano Suassuna são fundamentais.”