De passagem pelo Brasil por conta da apresentação do longa “Human Zoo” na 33ª Mostra Internacional de Cinema, a diretora dinamarquesa Rie Rasmussen conversou com Glamurama para falar da trajetória dela entre o mundo das artes e da moda. Rie é multifacetada: além de diretora, é atriz, artista plástica, fotógrafa e roteirista. Já trabalhou também como modelo para Gucci, Victoria’s Secret e Dolce & Gabbana. Confira nosso bate-papo:
* Você já trabalhou como modelo, atriz, diretora, escritora, roteirista… como é enfrentar tantos papéis diferentes?
"Sou uma contadora de histórias e crio arte independentemente do tipo de mídia. Quero sempre expressar minha criatividade de alguma maneira para comunicar uma visão pessoal, seja com um filme, uma fotografia, um papel e uma caneta, uma pintura, uma escultura…"
* Nos tempos de modelo, você já tinha a intenção de seguir carreira no cinema?
"Na verdade não comecei como modelo. Quando fui convidada para a minha primeira campanha, em 2002, na Gucci, já tinha atuado no filme “Femme Fatale” – do diretor Brian De Palma – que estava em fase de pós-produção. Também já tinha escrito alguns roteiros para o cinema e estudado o assunto no Hollywood Film Institute. Tanto que um dos meus primeiros curtas-metragens, que escrevi e dirigi, foi indicado à Palma de Ouro, em Cannes. Eu amo a moda e aprecio muito usá-la também como uma forma de expressão, mas comparado ao que é dirigir e atuar no cinema, o trabalho de modelo não é complicado para mim."
* Como foi essa trajetória?
"Não é tão óbvio para todo mundo que uma modelo seja capaz disso tudo. Acho que eu tenho de me acostumar com a ideia de que os outros diretores simplesmente não se parecem comigo, o que não significa que levo a profissão com menos seriedade que os outros. Pelo contrário, eu levo tudo muito a sério!"
* Esta é sua primeira vez no Brasil? Quais as suas impressões?
"Tempos atrás estive em Santa Catarina, onde fui surfar e descansar antes da maratona de produção do filme. Acabei ficando dois meses lá. Voltei este ano para o Festival de Cinema do Rio, no fim de setembro, e tenho viajado para cima e para baixo. Realmente amo este lugar. Até penso em criar meus filhos aqui."
* Você conhece o cinema brasileiro?
"Quando estava definindo o estilo do meu filme, me inspirei na estética de três produções e ‘Cidade de Deus’ era um deles. A meu ver, Walter Moreira Salles, Fernando Meirelles e José Padilha são cineastas de primeira linha e foi uma honra pra mim ser tão bem recebida aqui. Obrigada!"
* O que mais chamou a atenção na sua passagem pela 33ª Mostra Internacional de Cinema?
"Adorei a ‘Looking for Eric’, do diretor Ken Loach, e estou ansiosa para assistir ainda ‘Beyond Ipanema’, de Guto Barra, ‘An Education’, de Lone Scherfig, e ‘Sede de Sangue’, de Park Chan-Wook."