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1. O problema de combate à inflação ou, como no caso do Brasil, mantê-la em torno de uma “meta” (4,5% mais ou menos 2%) é muito complicado. Exige uma eficiente cooperação entre a política fiscal (exercida pelo ministério da Fazenda) e a política monetária (exercida pelo Banco Central operacionalmente autônomo). O sucesso dessa coordenação determinará, em larga medida, a taxa de crescimento econômico, a taxa de juros real e a taxa de câmbio real e, no final a taxa de aumento do salário real.

2. A experiência mostra que um dos fatores mais importantes na formação da taxa de inflação é a “expectativa” com que a sociedade (os agentes econômicos, investidores e consumidores) a antecipa. Isso depende, basicamente, da “credibilidade” da politica monetária exercida por um banco central com plena autonomia operacional. A consequência decisiva dessa “ancoragem” da expectativa inflacionária, é que ela elimina boa parte da discussão de como se distribuirão os ganhos de produtividade da economia.

3. Por exemplo, se (graças à crença na firmeza de ação de um banco central operacionalmente autônomo) os agentes reconhecerem que a taxa de inflação vai ser de 4,5% no ano, as disputas entre a repartição dos ganhos de produtividade entre o capital e o trabalho podem fazer-se num clima de maior harmonia e racionalidade, porque se elimina a incerteza sobre a inflação futura.

4. Trabalhadores e empresários têm consciência de que existe uma troca entre o presente e o futuro. Se todo o ganho de produtividade for distribuído como “salário”, não sobrará nada para o “investimento” e, em pouco tempo, a produtividade (que depende da relação Capital/Trabalhador) declinará. Em breve nada haverá para distribuir e o desemprego aumentará. Se todo o ganho de produtividade for apropriado pelo capital em pouco tempo não haverá demanda para o produzido. Em breve, o lucro desaparecerá. Trabalhadores e empresários sabem que mais consumo no presente reduz o nível de investimento e a taxa de crescimento econômico per capita (uma medida da produtividade) possível no futuro, porque este depende da relação Capital/Trabalhador.

5. Dinamicamente, enquanto existirem fatores de produção abundantes em proporção adequada, eles poderão ser mobilizados pelo crédito e produzirão um rápido crescimento que se auto-estimula sem gerar importantes pressões inflacionárias. Mas, mesmo assim, não há como superar a troca entre o “presente” e o “futuro”.

6. O problema se complica quando já não existem fatores de produção disponíveis na proporção adequada. Aí, a falta de controle do crédito leva ou à inflação, ou ao déficit em contra corrente ou, mais frequentemente, aos dois. Nessa circunstância a “ancoragem” da expectativa inflacionária construída por um banco central operacionalmente autônomo é decisiva.

7. Para evitar mal entendido é preciso dizer que “coordenar” as políticas fiscal e monetária não é subordinar uma à outra. É reforçarem-se mutuamente com vistas aos objetivos comuns.

Por Antonio Delfim Netto

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