Programa “Agora Tem Especialistas” começa com oito pacientes no Hospital Ariano Suassuna
O Governo Federal deu início, nesta quinta-feira (14), a uma experiência inédita na história do Sistema Único de Saúde (SUS): pacientes da rede pública passaram a ser atendidos em hospitais de planos de saúde privados. Em Recife, oito pessoas começaram a realizar consultas, exames e cirurgias no Hospital Ariano Suassuna, da operadora Hapvida, a primeira a aderir ao programa Agora Tem Especialistas, lançado pelo Ministério da Saúde para ampliar o acesso a atendimentos especializados e reduzir filas de espera no SUS.
A proposta funciona por meio da conversão de dívidas de ressarcimento das operadoras com o SUS — que somam até R$ 1,3 bilhão ao ano — em serviços prestados diretamente à população. Dessa forma, sem custos adicionais para o sistema público, os pacientes podem ser encaminhados para unidades privadas conforme a demanda dos estados e municípios.
Primeiros atendimentos em Recife
O grupo inicial de oito pacientes inclui uma criança de 8 anos, cinco mulheres e dois homens entre 23 e 67 anos. Entre os procedimentos previstos estão duas cirurgias de prótese de quadril, duas cirurgias de vesícula, duas tomografias e duas ressonâncias magnéticas.
A empregada doméstica Marilete Augusto Valério Santos, de 67 anos, foi uma das beneficiadas. Moradora de Recife, ela aguardava há três meses para realizar uma ressonância magnética no quadril. “Quando disseram que seria amanhã, eu respondi: pode ser qualquer dia, qualquer hora”, contou emocionada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acompanharam o início dos atendimentos. “Estamos transformando dívidas antigas dos planos de saúde em mais exames, mais consultas e mais cirurgias para a população. É um marco histórico para o SUS”, destacou Padilha.
Como funciona o programa
As operadoras que aderirem ao programa devem ofertar mensalmente, no mínimo, R$ 100 mil em serviços ao SUS. Para planos de menor porte, o valor pode ser reduzido a R$ 50 mil, desde que atendam demandas de média e baixa complexidade em regiões com déficit de oferta.
A regulação dos pacientes continuará a ser feita pela rede pública. O cidadão procura normalmente a Unidade Básica de Saúde (UBS); caso precise de atendimento especializado, poderá ser encaminhado para a rede própria do SUS ou, quando houver, para hospitais credenciados de operadoras privadas.
As áreas prioritárias são oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia, incluindo mais de 1,2 mil tipos de cirurgias.
Investimentos em oncologia
Durante a agenda em Recife, o ministro Alexandre Padilha também anunciou R$ 15,3 milhões para ampliar a oferta de tratamento oncológico em Pernambuco. O Hospital Português de Beneficência receberá um novo acelerador linear, adquirido por R$ 10,3 milhões via Pronon, dobrando a capacidade de radioterapia dedicada ao SUS.
Além disso, o governo destinará R$ 2,6 milhões adicionais para expandir o número de pacientes atendidos e repassará R$ 2,4 milhões anuais para custeio de procedimentos de média e alta complexidade. Outra medida foi a integração entre o Hospital Português e o Hospital Barão de Lucena, fortalecendo a rede pública no atendimento a pacientes oncológicos.