O Festival do Rio tem de refletir o jeito carioca de ser, e foi assim a
cerimônia de encerramento, nessa quinta-feira, no Cine Odeon: uma descontração
só.
* Leandra Leal que o diga. A mestre-de-cerimônias guiou a noite, ao lado de
Murilo Rosa, no melhor estilo low profile. O tomara-que-caia está frouxinho? É
só ficar puxando o vestido pra cima… O premiado está demorando para subir ao
palco? Posso deixar a estatueta aqui reservada pra você?. O colega erra o
texto? Peraê! Vamos botar ordem na casa. Um cineasta ganha R$ 10 mil de um
patrocinador? A gente faz cinema com muito menos que isso, né, não?.
* Na mesma linha, a dupla vencedora do prêmio especial do júri por Jards
Macalé teve de ser chamada em um barzinho do lado de fora. Desculpa, a gente
estava tomando chope, disse Marco Abujamra, co-diretor, no discurso. E
Matheus Souza, de Apenas o Fim, melhor longa de ficção pelo júri popular e
menção honrosa pelo júri oficial? Contou que fez o filme com o dinheiro de uma
rifa de whisky… Que deu prejuízo.
* Murilo foi convidado para seu posto na véspera. Estava no Recife. Foi em
cima da hora. Vim correndo, mas fiquei todo feliz. E Matheus Nachtergaele, que
apostou com Daniel de Oliveira que, se ganhasse o troféu de melhor diretor por
A Festa da Menina Morta, cantaria para a platéia? E ele cumpriu. Fiquei
cansado de andar na areia…. Mal Matheus começou a música, teve gente que se
emocionou com ele, teve gente que gritou, assobiou e aplaudiu… Mas, com
certeza, este foi o ponto alto do evento, por unanimidade. A arte vive desses
momentos espontâneos e verdadeiros, elogiou Murilo.
* Já o prêmio Miss Simpatia foi para Camila Pitanga, uma das juradas da
mostra. Que bom que a Antônia me liberou um pouco… Porque esses últimos dias
foram de cinema na veia. Tentei ter a maior delicadeza para julgar. Sei que cada
um dá o melhor de si quando decide fazer um filme. Hoje estou muito emocionada,
disse, sorrindo, de aparelho nos dentes.