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Marcelo Rubens Paiva em retrato de Priscila Prade || Créditos: Priscila Prade/Reprodução Facebook

Marcelo Rubens Paiva completa 57 anos neste domingo de 1º de maio e se diz mais feliz que aos 30. Depois do sucesso de seu livro mais recente, “Ainda Estou Aqui”, no qual conta a história da mãe Eunice Paiva, ele se prepara para a estreia da série “E Aí Comeu?” em agosto, baseada em sua peça de mesmo nome, no Multishow, com colaboração dele e roteiro de Bruno Mazzeo e equipe. Também no mesmo mês, lança um novo livro sobre o movimento punk na São Paulo dos anos 1980, além de trabalhar como diretor criativo das Paralimpíadas Rio 2016. Mas o grande motivo de tanta felicidade vem de Joaquim, seu primeiro filho com a filosofa e blogueira Silvia Feola, de 2 anos e meio, e a expectativa de mais um menino a caminho. Em conversa com o Glamurama ele fala de paternidade, TV e política: “É muito fácil criar uma juventude fascista”. (Por Verrô Campos)

Glamurama: Como é fazer 57 anos com um filho de 2 anos e meio e outro a caminho?
Marcelo Rubens Paiva: É uma fase boa, as expectativas juvenis já passaram, sou um homem maduro, com estabilidade no trabalho e prestes a me aposentar [ a aposentadoria é licença poética]. Tudo é curtição.

Glamurama: Teve algum momento da sua vida em que você pensou que nunca seria pai?
Marcelo Rubens Paiva: Sim, quando eu fiz 50 anos fiz uma festa em um puteiro. Achei que nunca seria pai e nunca mais teria vida sexual. Meus triglicerídeos e colesterol estavam altos, eu bebia, fumava, achei que minha vida pregressa tinha acabado, por isso me despedi [ nesta festa, em dado momento a luz no puteiro acabou pra nunca mais voltar, todos foram continuar a festa na Praça Roosevelt, no Espaço Parlapatões].

Glamurama: Você é mais feliz agora que aos 30?
Marcelo Rubens Paiva:
Sou, sem comparação.

Glamurama: De que sente mais falta da vida sem filhos?
Marcelo Rubens Paiva: Andar pela casa à noite sem precisar se preocupar em fazer barulho, trabalhar de madrugada.

Glamurama: A paternidade foi um fator importante na decisão de escrever o livro “Ainda Estou Aqui”, que conta a história de sua mãe Eunice?
Marcelo Rubens Paiva: Foi muito, porque eu já tinha a ideia de escrever sobre a minha mãe mas não entendia tanto a relação pai e filho. Comecei a entender melhor a morte do meu pai também e tem a relação com a memória apagando, enquanto meu filho estava ganhando memória, minha mãe estava perdendo. [Eunice Paiva, mãe de Marcelo, sofre do mal de Alzheimer]

Glamurama: Como era o pai Rubens Paiva? [Rubens Paiva, pai de Marcelo, foi dado como desaparecido durante a ditadura militar]
Marcelo Rubens Paiva:
Ausente. Brincalhão, divertido, mas bem ausente. Ele não brincava muito comigo, ontem passei a noite brincando de carrinho com o meu filho, meu pai nunca. É outra geração, mas ele era divertido, tinha muitos amigos, me deixava com muito orgulho, tinha avião, pilotava, dava rasante na fazenda do meu avô. Para mim era meio herói.

Glamurama: Como foi para você assistir ao deputado Jair Bolsonaro dedicar o voto dele a favor do impeachment para o coronel Ustra (torturador na época da ditadura)?
Marcelo Rubens Paiva:
Foi uma vergonha, a votação já estava deprimente, aquela foi a cereja do bolo. É evidente que são pessoas que não conhecem a história.

Glamurama: Você acha que existe um risco real de uma volta à ditadura?
Marcelo Rubens Paiva:
Não, de jeito nenhum, porque não tem militares envolvidos.

Glamurama: Na sua opinião, qual é a razão deste “levante” de direita, inclusive entre os jovens?
Marcelo Rubens Paiva:
Eu acho que o desemprego, a inflação alta, o desencanto com as instituições e a incompetência da Dilma. A esquerda deu motivo, o PT não soube lidar com a corrupção. Também é por ignorância, falta de leitura, falta de escola, é uma geração que aprende história pelas redes sociais, com 140 caracteres por vez. A cultura também está longe da história no cinema, na TV e na música. A Globo não tinha uma novela política há tempos e agora “Liberdade, Liberdade”, que poderia ser, é uma história de amor que tem a história como pano de fundo. É muito fácil criar uma juventude fascista, porque o discurso fascista é muito simplista, coloca a culpa no estado, mas esquecemos que o estado somo nós, porque votamos nele.

Na galeria abaixo, algumas foto do arquivo pessoal de Marcelo.

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