Publicidade
Milton Gonçalves
Foto: Divulgação/Globo/Sergio Zalis

O ator e diretor Milton Gonçalves, um dos mais conhecidos pelos trabalhos na televisão brasileira, morreu nesta segunda (30), aos 88 anos. Segundo a família, o ator morreu em casa, no Rio de Janeiro, por volta das 12h30, em decorrência de sequelas de um AVC (acidente vascular cerebral) que sofreu em 2020.

Gonçalves ficou conhecido por interpretar personagens icônicos da televisão, como o Zelão das Asas, de “O Bem-Amado” (1973), e o médico Percival, de “Pecado Capital” (1975).

Nascido em 9 de dezembro de 1933, em Minas Gerais, foi contratado pela Globo antes mesmo de sua inauguração, em 1965.

Na emissora, fez mais de 40 novelas, atuou em programas humorísticos e minisséries. Também dirigiu sucessos, como as primeiras versões de Irmãos Coragem (1970), A Grande Família (1972), e Escrava Isaura (1976), além de séries como Carga Pesada (1979) e Caso Verdade (1982-1986). 

Sua atuação como Pai José na segunda versão da novela Sinhá Moça (2006) lhe rendeu a indicação para o prêmio de Melhor Ator no Emmy Internacional. Na cerimônia, esteve ao lado da atriz americana Susan Sarandon para anunciar o vencedor de Melhor Programa Infantojuvenil, tornando-se o primeiro brasileiro a apresentar o prêmio.

A última novela que o ator participou na TV Globo foi O Tempo Não Para (2018), onde interpretou o catador de material reciclável Eliseu.

Primeiros passos na carreira

Milton mudou-se com a família ainda pequeno para São Paulo, onde foi aprendiz de sapateiro, de alfaiate e de gráfico. Fez teatro infantil e amador e estreou profissionalmente em 1957, no Arena, na peça “Ratos e Homens”, de John Steinbeck.

Junto com Célia Biar e Milton Carneiro, formou o primeiro elenco de atores da Globo, chegando à emissora a convite do ator e diretor Otávio Graça Mello, de quem fora companheiro de set no filme “Grande Sertão” (1965).

Sua primeira experiência de direção veio com “Irmãos Coragem” (1970), de Janete Clair, um marco da televisão brasileira.

“Comecei como assistente do Daniel Filho na novela ‘Véu de Noiva’, em que também fazia um pequeno personagem. Depois dessa, veio ‘Irmãos Coragem’, na qual eu fazia o Brás Canoeiro, e também ajudava na direção. Até que o Daniel disse: ‘Eu vou entregar a novela pra você’. Um belo dia, ele tirou o fone e já foi dando tchau. Eu botei o fone e disse: ‘Olha, o Daniel está indo viajar. Vocês vão me desculpar durante dois dias. Eu vou errar, mas depois vamos acertar’. E assim foi feito”, disse ele em entrevista ao site Memória Globo.

Milton também participou de mais de 50 filmes, como “Cinco Vezes Favela” (1962), “O Beijo da Mulher Aranha” (1985) e “Carandiru” (2003).

Militante do movimento negro

Milton chegou a candidatar-se ao governo do Rio em 1994, pelo PMDB, afirmando que faltava representatividade na política brasileira, já que o Brasil é um país em que mais de 50% da população é composta por negros e pardos.

“O que falta no meu Brasil, o que me deixaria alegre é que nós tivéssemos um presidente negro, porque nós somos um percentual grande neste país”, disse em entrevista ao UOL.

O ator também viveu um Papai Noel por um dia no especial “Juntos a Magia Acontece”, que levou a emissora a conquistar mais um Emmy em 2019.

“Estar aqui hoje e fazer esse personagem me emociona, É uma batalha de muitos anos, de séculos. A gente tem que eliminar o medo, que batalhar. Vou fazer o melhor Papai Noel que eu puder. Se ele fosse oriental também estaria do lado dele, se fosse índio, também. Como sou eu, melhor pra mim, né?”, comemorou na ocasião.

Viúvo, ele deixa três filhos, entre os quais o também ator Mauricio Gonçalves, e dois netos.

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump tenta ressuscitar a franquia Rush Hour ao se aproximar de investidores e de Brett Ratner, num movimento que parece mais político do que cinematográfico. A proposta mistura nostalgia, estratégia cultural e a tentativa de reabilitar nomes controversos, mas enfrenta um mercado que não demonstra demanda real por um quarto filme. O episódio revela mais sobre a necessidade de Trump de reafirmar sua persona pública do que sobre qualquer impulso criativo em Hollywood.
Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise foi o grande nome do Governors Awards ao receber, após 45 anos de carreira, seu primeiro Oscar — um honorário. Em um discurso íntimo e preciso, ele relembrou a infância no cinema e reafirmou que fazer filmes “é quem ele é”. A entrega por Alejandro Iñárritu, seu novo parceiro em um projeto para 2026, reforçou o peso artístico do momento. Nos bastidores, o prêmio foi visto como aceno da Academia a um dos últimos astros capazes de mover massas ao cinema. Uma noite que selou não só um reconhecimento tardio, mas também a necessidade de Hollywood de se reconectar com sua própria grandeza.

Instagram

Twitter