Na estante

ORIGINAL

A Penguin (Inglaterra) e a Knopf/Random House (EUA) acabam de publicar “The Original Of Laura”, que é a última obra (inacabada) de Vladimir Nabokov (1899-1977), uma dos maiores escritores do século XX, autor, por exemplo, de “Lolita” (1955). No Brasil, o livro sairá pela Alfaguara, no final desta semana.

Quando percebeu que não conseguiria terminar essa obra, Nabokov pediu que os manuscritos fossem queimados depois de sua morte. Porém, sua mulher, Vera, sem saber se deveria atender a vontade do marido, conservou-os até 1991, quando morreu. Agora, Dmitri, filho do casal, resolveu publicá-los. A obra sai com uma introdução onde ele fala de sua difícil decisão e com 138 reproduções dos cartões em que o romance foi escrito.

“O Original de Laura” trata da relação entre um homem maduro, Dr. Philip Wild, e uma jovem, Flora, o que faz lembrar “Lolita”. A garota tem uma vida sexual conturbada e um livro em que um de seus ex-amantes relata sua infidelidade e no qual ela aparece como “minha Laura”, chega às mãos de Wild. Desonrado, ele entrega-se a auto-aniquilação, começando com a retirada de seus dedos. Ao longo do livro, Nabokov remete à morte de Wild e faz reflexões sobre a morte em geral. Sua saúde já estava bastante debilitada quando ele rascunhou o livro.

Provavelmente o romance estava concluído na mente de Nabokov, mas, uma vez que ele morreu antes que pudesse passá-lo integralmente para o papel, é difícil imaginar que críticos, assim como estudiosos ou entusiastas da obra do autor, possam avaliá-lo mal, como o irlandês Brian Boyd, o mais renomado biógrafo de Nabokov, já temeu. Até porque a edição do livro deixa claro que se trata de uma obra inacabada, além de ser uma relíquia que mostra o processo de criação de um grande escritor.

por Anna Lee