LITERATURA NAS RUAS
Com o aval do intelectual Antonio Candido que, em seu livro “O Direito à Literatura e Outros Ensaios”, afirma: “Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações”, a Livraria da Vila da Fradique promove na segunda, 22, terça, 23, e quinta, 25, o projeto Literatura nas Ruas.
O evento pretende discutir a literatura feita atualmente nos grandes centros urbanos e suas periferias, quais suas raízes, influências e ramificações, e como o desenvolvimento da prosa e da poesia está ligado ao cotidiano e a realidade das ruas. Para isso, serão realizadas três palestras: “O Rap É Literatura?”, “A Educação pela Literatura Rimada” e “A Poesia e a Prosa Salvaram Vidas”, uma a cada dia de 19h30 às 21h30.
Os debates vão contar com a participação de artistas e profissionais da cultura periférica brasileira como Elly-Poeta, vocalista do DMN, um dos mais importantes e influentes grupos do hip-hop nacional; Raquel, escritora e fundadora do sarau literário Elo da Corrente em Pirituba; Paulo Brown, estudioso do rap e hip-hop; Eduardo Godoy, criador do projeto e mediador das palestras; Galo-Poeta, integrante do grupo de rap A Trupe; Gibazz, DJ do grupo de rap Região Abissal e um dos fundadores do clube do rap na Bela Vista nos anos 1980; entre outros.
Quanto ao livro de Antonio Candido, no texto “O Direito à Literatura”, que compõe a segunda parte da obra, o autor faz uma apaixonada defesa da literatura como um dos direitos humanos fundamentais. E não se pode deixar de notar que Candido, às vezes, exagera no tom socialista – que fique claro que isto não é uma crítica, apenas uma constatação. Mas a obra vai muito além disso. Um dos pontos altos fica por conta do destaque que ele dá para a responsabilidade social da literatura, utilizando-se de obras famosas como, por exemplo, “Os Miseráveis”, de Victor Hugo.
Por Anna Lee