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BIOGRAFIA, ESSA ILUSÃO

Dia desses assistia ao seminário do professor de literatura francesa Antoine Compagnon, “Écrire la Vie” (Escrever a Vida), no Collège de France, que se propõe a estudar “as escritas do eu”: biografias, autobiografias, diários, etc., e o convidado daquela sessão, o escritor francês Renaud Camus, disse uma frase que chamou minha atenção, e eu anotei: “Biografia, essa ilusão”.

A ideia não é original. Há algum tempo discute-se no meio literário a impossibilidade de contar a vida do outro ou a própria, acreditando-se que sempre haverá uma dose de ficção nesse tipo de relato, hipótese com a qual concordo.

Bem, foi justamente na frase de Arnaud Camus que pensei ao ler a apresentação da editora Cia. das Letras para “Rimbaud – A Vida Dupla de um Rebelde”, ensaio biográfico do crítico Edmund White que deve chegar às livrarias no dia 26 deste mês. O texto diz: “Não são poucas as biografias que procuram entender o mistério de Arthur Rimbaud (1854-91)”.

Biografia talvez seja uma ilusão, como quer Renaud Camus, justamente por ser sempre uma viagem ao desconhecido, ao mistério do outro.

Em “Rimbaud”, White, para entender o motivo pelo qual o poeta francês, depois de compor toda a sua obra antes dos vinte anos, abandonou qualquer projeto artístico, refaz sua trajetória, da juventude sob a guarda da mãe dominadora à boemia da Paris do fim do século XIX, até suas andanças pela Europa e pelo continente africano, quando abandonou a literatura.

Como eixo central deste ensaio biográfico está a paixão de Rimbaud pelo então célebre poeta Paul Verlaine, que o protegeu e promoveu sua obra nos círculos literários de Paris. Ao contar a história desta relação conturbada, White também faz um retrato de uma geração parisiense, a dos cafés e dos clubes literários, que sofreu o impacto da obra de Rimbaud.

O crítico Edmund White tenta entender o mistério de Rimbaud

CENTENÁRIO

Academia Brasileira de Letras promove a partir desta quinta-feira, dia 18, um ciclo de palestras para lembrar o centenário de morte de Joaquim Nabuco (1849-1910), principal nome do movimento abolicionista brasileiro. A conferência inaugural será do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

E já que estamos falando de relatos do eu, aproveito para indicar o livro “Joaquim Nabuco – Diários – 1973-1910”, que a editora Bem-te-vi lançou em 2006, com relatos inéditos de Nabuco.

Um livro para saber mais de Joaquim Nabuco, no centenário de sua morte

Por Anna Lee

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