PALAVRAS
O título “As Palavras de Saramago”, que Fernando Gómez Aguillera, biógrafo do escritor português José Saramago (1922-2010), escolheu para o livro que organizou com declarações do autor extraídas de jornais, revistas e livros de entrevistas, da segunda metade da década de 1970 até março de 2009, e que acaba de ser lançado pela Cia. das Letras, é inspirado no livro “As Palavras”, de Jean-Paul Sartre (1905-1980).
E não dá para dizer que as semelhanças entre as duas obras param por aí, apesar de elas evidenciarem a diferença entre as concepções que os dois autores tinham sobre o papel da literatura: enquanto Sartre considerava que a função da literatura era engajar os leitores, Saramago sustentava uma opinião pouco ortodoxa para um comunista sobre as relações entre literatura e política: “Não vou utilizar a literatura para fazer política”.
Tanto um livro quanto o outro traçam um perfil apurado de cada um desses escritores, por meio de suas palavras.
Sobre “As Palavras”, de Sartre, lançado em 1964, pode-se dizer que provocou mudanças importantes na forma como até então se concebia o memorialismo e a autobiografia. Dividida em dois capítulos: “Ler” e “Escrever”, essa obra destaca no primeiro o relacionamento do autor com sua mãe, com a qual ele mantinha uma afetividade muito mais fraternal do que filial. No segundo, aparece o jovem Sartre, que, assim que decifrou os códigos das palavras, pôs-se a escrever longas histórias de aventuras. Sendo que, ao passar em revista a história de sua infância, o que interessa a Sartre é desvendar as raízes de sua vocação de escritor e descobrir o sentido moral e social de seu ofício.
Já em “As Palavras de Saramago” os textos estão organizados cronologicamente e divididos em temas que abrangem as questões mais recorrentes nas falas do escritor. A primeira parte reúne comentários de Saramago sobre sua infância, a formação autodidata, a trajetória pessoal, os lugares onde morou, bem como reflexões sobre si mesmo – o pessimismo, a indignação, a coerência, a primazia da ética. Na segunda, aparecem suas reflexões sobre o ofício literário e, na terceira, destaca-se o crítico da globalização econômica, do “concubinato” dos meios de comunicação com o poder, do consumismo, do comunismo soviético, da paralisia da esquerda incapaz de inovar, do conservadorismo da Igreja católica, da postura de Israel em relação aos palestinos e do irracionalismo generalizado do mundo capitalista. “Ao poder, a primeira coisa que se diz é não”, dizia Saramago.
AGENDA DA VILA – 30/8 a 05/9
LV FRADIQUE
Lançamento do livro: “Travessuras de Mãe”, de Denise Fraga. Das 18h30 às 21h30. Piso superior.
04/9 – Sábado –
Contação de Histórias: “O Mistério Amarelo da Noite”, com Fabio Lisboa. Das 16h às 17h.
LV LORENA
01/9 – Quarta –
Lançamento do livro: “Noites Urbanas”, de Daniel Piza. Das 19h às 22h. Piso superior.
02/9 – Quinta –
Lançamento do livro: “Lançamento Tributário”, de Estevão Horvath. Das 19h às 22h. Piso térreo.
04/9 – Sábado –
Contação de histórias: “José João, Rimador Sangue Bão”, de Débora Monteiro. Das 16h às 17h.
SHOPPING CIDADE JARDIM
02/9 – Quinta –
Lançamento do livro: “Ortodontia e Ortopedia Facial”, de Vários Autores. das 18h30 às 21h30. Piso térreo.
04/9 – Sábado –
Aula de capoeira, com Leandro Zuidarxis. Das 16h às 17h. Idade indicada: de 5 a 7 anos.
05/9 – Domingo –
Contação de histórias: “Cinderela, uma Historia de Amor – Art Decó”, com Jane Berenstein Fucs. Das 16h às 17h.
MOEMA
30/8 – Segunda-feira –
Rodas de Leitura Compartilhada: Arte de Ouvir e Contar Histórias, com mediação da psicanalista Marcela C. Schild Vieira. Às segundas, das 18h30 às 20h. Valor: R$ 20 por encontro.
02/9 – Quinta –
Lançamento do livro: “Reinvenção da Empresa”, de Alexandre e Luiza Elena L. Ribeiro do Valle. Das 18h30 às 21h30. Piso térreo.
04/9 – Sábado –
Contação de histórias: “Chapeuzinho Vermelho, uma Aventura Borbulhante”, com com Jane Berenstein Fucs. Das 16h às 17h.
05/9 – Domingo –
Oficina: Decoração de Copos – Art & Manias, com Aline Gandolla. Das 16h às 17h.
por Anna Lee